Cristãos
fundamentalistas são bons em um monte de coisas: ajudar os outros
vestir-se no domingo, citar a Bíblia, cuidar dos membros da
igreja, casamentos, funerais, adoração. Mas talvez a coisa em
que são mais persistentemente e excepcionalmente muito bons é na má interpretação
da Bíblia. Pegando a história como testemunha, percebemos a quantidade de vezes
em que a Bíblia foi usada para apoiar, promover e agir de acordo com algumas coisas
bem “não-cristãs”, como: a escravidão, o holocausto, a segregação, a subjugação
das mulheres, o apartheid, a violência doméstica, e outros tantos tipos de
exploração, poderíamos continuar e continuar com essa lista por horas. Mas, curiosamente
se pedíssemos a qualquer um desses teólogos que escolhessem um tema bíblico
para guiá-los, com certeza a maioria diria "amor"... bem, amor e
graça. Tudo bem, amor, graça e perdão. Belas palavras. Provavelmente
discordariam especificamente quanto ao uso dos termos, uns usariam um tipo de palavra
e outros usariam outras, mas com toda certeza, todos os termos usados teriam
sentidos opostos à opressão, o rebaixamento, ou ódio.
Essas marginalizações
representadas pelas inúmeras atrocidades cometidas pela Igreja Cristã, quase
sempre são o resultado da tentativa de se brincar de Deus, fingem que um
grupo de pessoas possui o conhecimento completo de Sua vontade, e é mais
abençoado ou escolhido do que outros. Não surpreendentemente,
as pessoas que veem o mundo desta maneira são sempre pessoas que pertencem ao
grupo que acreditam ser os super-bem-aventurados. Sorte a
deles. Várias vezes Jesus deixou nítido que não devemos nos colocar
no lugar de Deus e que, ao contrário dos demais seres humanos, Ele acolhe e ama
a todos igualmente. Ainda assim continuam a fazê-lo, mesmo depois de
muito argumentar, suprimir textos e lutar por séculos falsamente desempenhando
o papel de juiz e júri celestial, perceberem lentamente que entenderam errado, que,
de fato, Paulo não promovia a escravidão. Só assim aprendem a contextualizar
suas declarações e cartas. Tornam-se mais hábeis em interpretar o original
grego e, ao longo do tempo decidem parar de citar a Bíblia para apoiar a
escravidão (ou a subjugação das mulheres, ou racismo etc) porque finalmente
chegam a conclusão bíblica de que no final o amor
vence. Sempre. Então encontram-se novamente aqui. Fazendo
a coisa que fizeram de melhor: interpretar mal a Bíblia e arruinar a vida de
outros. Estão, mais uma vez, ignorando o viés bíblico para aqueles que são
marginalizados, abusados, depreciados e julgados negativamente. Ignorando
a diretiva bíblica para mostrar que todos são filhos de Deus de amor (e de
graça ... e perdão). Ódio
dos outros, ah, claro, desta vez a abordagem foi
"suavizada", a frase agora é "odiar o pecado, e amar o pecador
", mas deixam de reconhecer que o que estão chamando de "pecado"
é na verdade a pessoa que chamam de "pecador", no fundo os dois são a
mesma coisa. Uma pessoa cuja orientação sexual é homossexual, ou bissexual
não pode separar-se de sua sexualidade, como uma pessoa heterossexual não pode. É
como dizer "amo esse perfume, mas odeio sua essência." Não existe o
perfume sem sua essência. Simplesmente não se ama uma pessoa, se não a amar
por inteiro. Suspeito que o "amolecimento" da linguagem
que usam tem tudo a ver com o fazer-se sentir melhor e não com o que sentem as pessoas LGBT,
porque não é de seu desejo fazê-los sentir-se melhor. Por uma questão de
fato, a relação de amor/ódio (ênfase em ódio) que a Igreja continua tendo, só serve para empurrá-los e jogá-las para armários e outros
locais ainda mais escuros, o que às vezes leva ao suicídio. A Igreja e seu
tipo de abordagem a esta questão está causando
cada vez mais dor, angústia, insegurança, abuso e morte associado ao ser
LGBT. Não há muito amor nisso. Não há muita graça preenchendo os
corações. Mas certamente os deixa na necessidade de
perdão. Muitos cristãos perderam-se no caminho deste sinuoso labirinto
que é a pratica de sua fé. Seria muito melhor reforçar as coisas que
acreditam do que pregar as “difíceis” palavras de amor de Jesus. Sim, ele
nunca disse uma só palavra de condenação sobre a homoafetividade, mas nos disse
para arrancar os olhos concupiscentes. O que parece ser mais provável e que
nos deixa todos cegos do que o "olho por olho".
Pastor João Leite baseado no texto: "Christianity and “Biblical” Hatefulness" do Rev. Mark A. Sandlin
Nenhum comentário:
Postar um comentário