domingo, 21 de fevereiro de 2016

É PECADO SER LGBT?


É pecado ser Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti ou Transexual? Vez ou outra escuto essa pergunta, não só nas redes sociais, mas também em muitas pessoas que chegam à nossa igreja pela primeira vez. Durante anos ouvimos dizer que a homossexualidade é pecado, e que nossa orientação sexual e identidade de gênero é uma "escolha" que fizemos, ou é um destino cruel da natureza que precisa ser superado.

Este problema tem prejudicado a comunidade LGBT, fazendo com que aqueles de nós, que são cristãos, duvidem de sua fé e de si mesmos, os conduzindo para longe do Cristo que precisam! O problema faz com que cismas artificiais mine a energia coletiva dentro de nossas comunidades cristãs. Em vez de concentrar toda nossa atenção "no amor e na construção do corpo de Cristo", nos encontramos tendo que justificar a nossa fé e, em alguns casos, o nosso próprio direito de existir! Exatamente na hora em que o corpo de Cristo devia se preparar para a chegada de seu Rei, testemunhamos a pregação da discórdia, do medo e do preconceito, em vez do Evangelho da paz, unidade e amor. Não deveria ser assim.

Como cristão gay, pastoreio a Igreja da Comunidade Metropolitana de Teresina a quase três anos que serve principalmente a comunidade LGBT. Como você pode ter adivinhado, dedico minha vida a ministrar a essa comunidade. Oro para ver o dia em que um ministério tão especializado não seja mais necessário! Nesse meio tempo, eu, e "nós" devemos continuar com o trabalho que o Senhor colocou em nossos corações (1 Pe. 2:9).

"Construir o corpo de Cristo em amor" (Efésios 4:1-16) e, pregar e ensinar fielmente a mensagem da reconciliação (2 Coríntios 5:17-19) para nossa comunidade e para nosso povo.

Todo esse Blog é dedicado a mostrar que a homossexualidade, ao contrario do que dizem, NÃO É PECADO. Deus nos fez como somos e ama quando conseguimos entender quem realmente somos. Então, seja você Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti ou Transexual lembre-se: Deus ama você do jeito que você é. E a Igreja da Comunidade Metropolitana está aqui para te receber de braços abertos!

sábado, 20 de fevereiro de 2016

O SENHOR QUER REVELAR SUA GLÓRIA PARA NÓS!

LUCAS 9:28b-36

Deus quer compartilhar sua glória conosco! Temos um vislumbre disto quando os discípulos veem Jesus transfigurado em glória na montanha. O relato de Lucas nos diz que o rosto de Jesus mudou na aparência e sua roupa tornou-se branca e brilhante. Quando Moisés se encontra com Deus no Monte Sinai "a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com Ele" (ver Êxodo 34:29). Paulo diz que os israelitas "não podiam olhar para Moisés, por causa da glória de seu rosto" (2 Cor. 3:7). Neste incidente, Jesus aparece em glória com Moisés, o grande legislador de Israel, e com Elias, o maior dos profetas, na presença de três de seus apóstolos amados. Qual é o significado desta misteriosa aparição? Jesus foi para montanha sabendo muito bem o que o esperava em Jerusalém: traição, rejeição e crucificação. Ele provavelmente discutiu esta importante decisão de ir para a cruz com Moisés e Elias. Deus Pai também falou com Jesus e deu a sua aprovação: Este é o meu Filho amado; ouvi-o. A nuvem que ofuscou Jesus e seus apóstolos cumpriu os sonhos dos judeus que, quando o Messias viesse, a nuvem da presença de Deus encheria o templo novamente (ver Êxodo 16:10, 19:9, 33:9; 1 Reis 8:10 e Macabeus 2:8).

Enquanto isso acontecia Pedro, Tiago e João dormiam! Ao acordar, eles descobrem a transfiguração de Jesus, juntamente com Moisés e Elias. Quantos de nós perdem a glória e a ação de Deus por estarmos dormindo espiritualmente? Há muitas coisas que podem manter nossas mentes dormindo para as coisa de Deus: letargia mental e uma "vida não examinada" pode nos impedir de pensar sobre as coisas e enfrentar nossas dúvidas e perguntas. A vida de facilidade também pode nos impedir de considerar as demandas desafiadoras ou perturbadoras de Cristo. O preconceito pode nos cegar para algo novo que o Senhor pode ter para nós. Mesmo a tristeza pode ser um bloco que nos impede de passar para a glória de Deus. Você está espiritualmente alerta? Pedro, Tiago e João foram testemunhas privilegiadas da glória de Cristo. Nós também, como discípulos de Cristo, somos chamados a ser testemunhas de sua glória "mas todos nós, com o rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2 Cor. 3:18). O Senhor quer revelar a sua glória para nós, seus amados e amadas discípulas. Você busca sua presença com fé e reverência?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

NÃO ANDO EM LINHA RETA


O medo pode fazer você congelar.
Pior que isso, pode te silenciar.
A primeira vez que questionei minha teologia, quando realmente descobri minha sexualidade, fiquei apavorado. Não um pavor de Deus (pois sei que Deus, sendo um Deus total, era suficiente para lidar com minhas sortidas dúvidas), mas do povo de Deus.

Como muitos cristãos, me encontrei dentro de uma comunidade espiritual que, mesmo extremamente amorosa, era altamente condicional. Ficou nítido para mim que houve uma aceitação, mas sempre senti como se estás coisas fossem condicionadas, acreditando que eu aceitava. Fui feito como um insider, amado principalmente pelas minhas virtudes e convicções religiosas tradicionais.

Em outras palavras, minha ortodoxia foi meu cartão de sócio do clube, proporcionando-me as regalias e privilégios que vinham juntos com ela. Enquanto não vacilei, permaneci firmemente embalado no seio do corpo. Mas, indo para longe do caminho "reto", as coisas ficaram bem feias, muito rapidamente.

Às vezes, isso se apresentava a mim nos insultos e ostracismo ou, em tratamentos condescendentes que assistia outros abertamente receberem por conta de suas lutas.

Outras vezes em sermões incendiários, territoriais e bairristas, Nós Contra Eles, uma linguagem retórica pregada nos púlpitos para vilipendiar cristãos com preguiçosos rótulos de Heréticos e Pródigos.

Às vezes se evidenciava nas respostas agressivas que encontrava esperando por mim naqueles momentos em que reunia coragem para dar voz as minhas indecisões e dúvidas cristãs.

Como resultado dessas descobertas, tendi a permanecer em silêncio, em uma profunda luta interna, escolhendo procurar a esperança sozinho, em lugares escuros, em vez do risco do ostracismo e condenação que se daria se visse dar luz às minhas indecisões.

Minhas tensões espirituais internas cresciam, assim como minha angústia, e, gradualmente me distanciei de meus colegas cristãos. Mudei para uma prática religiosa de duplicidade; vivendo uma realidade dentro do meu coração, e outra nos bancos da igreja. Especialmente como pastor, mais perguntas me eram suprimidas, minha fé tornou-se cada vez mais uma viagem solitária que beirava a crescente hipocrisia.

Devo fazer a mea-culpa, apesar de meus irmãos e irmãs na fé e da igreja terem sido fatores que contribuíram para meu silêncio, grande parte da culpa é minha. A mesma pressão que me fazia não falar, me tornava cúmplice de uma conspiração a sucumbir a essa pressão. Embora ela tenha vindo com grande pesar e tristeza, em última análise, eu escolhi meu silêncio.

Isso é como tudo funciona. É assim que o sistema se torna toxico e alimenta o baile de máscaras.

O mesmo belo sentimento de pertencer a um propósito comum que une as pessoas na igreja e as fazem sentir uma incrível afinidade umas pelas outras, muitas vezes é o que perpetua a charada da fé inamovível que sobrecarrega muitos de nós.

Só consegui entender tudo isso ao sair totalmente fora da igreja por um tempo. Percebi que não havia o que temer, mas muito a ganhar com uma nova revelação, consegui finalmente perceber como tinha me punido injustamente por tanto tempo.

Cristianismo, hoje entendo, é encontrar sua fé na mudança: não há problema em mudar sua mente.

Não há problema em questionar as coisas que você costumava ter certeza, para chegar a conclusões teológicas diferentes das que você tinha anteriormente, ou encontrar-se em formas diferentes, que desafiam a ortodoxia. Isso não é pecado.

A igreja faz um trabalho muito bom em engrandecer a firmeza como uma virtude a ser cobiçada, e, certamente há um grande mérito em uma crença que persevera através de uma difícil temporada, mas, firmeza constante não é necessariamente admirável. Muitas vezes, é mais uma autopreservação do que qualquer outra coisa.

Paralisado pelo medo de ser separado/a da comunidade, a fé inabalável pode ser simplesmente a fé que não reconhece suas questões profundas. Pode ser a fé que se recusa a responder o que está sendo revelado pelo tempo e pela experiência por causa da adversidade que trará a outras pessoas cristãs. Pode ser a fé do medo de se mover por causa da tempestade que tal movimento irá gerar.

Dúvidas, perguntas e as mudanças de coração e mente são questões de fé (mesmo as mais fundamentais), não defeitos de caráter ou falhas morais. Pelo contrário, muitas vezes, elas são as mais bravas e o melhor lugar para a honra de Deus residir, pois são as mais autênticas.

Você não deve nada ao mundo, se entregue da forma mais plena e respeitosa que possa gerenciar. Essa é a grande verdade que liberta.

Sempre que escrevo ou falo sobre questões de fé pessoal ou profissional, tento fazê-la de uma forma absolutamente honesta. Isso significa que voluntariamente me exponho em desacordo com o meu eu mais jovem, mas tenho uma grande paz com isso. As pessoas cristãs que conheci, não viram o que vivenciei ou experimentei. Elas foram sérias e falaram suas verdades, como faço agora. Nós não precisamos comparar as notas ou manter nossas histórias em linhas retas.

A vida deve nos mudar. Deve renovar nossas almas e ajustar nossas lentes. O tempo, a experiência e as coisas que lemos, vemos e descobrimos deve nos mudar, ou provavelmente estamos mais comprometidos com uma aparência de consistência do que com um crescimento real. Não tenho mais o entendimento de mim mesmo, de Deus e do mundo que tinha a vinte anos atrás, e, posso dizer que não sou orgulhoso para suspeitar que o mesmo não será verdade daqui a duas décadas.

Assim você pode usar minhas palavras de anos atrás para tentar minha posição atual, assim como é livre para usar essas palavras em algum dia no futuro de forma similar. Isto não me preocupa. Minha responsabilidade sobre essas grandes questões, não é fornecer uma resposta esperada para aplacar uma multidão ou manter as aparências para uma boa posição em um clube, mas simplesmente de procurar ser honesto o quanto posso a qualquer momento.

Isso é tudo que somos obrigados a fazer bem.

Deus não é inseguro ou se irrita tão facilmente como aqueles que dividem nosso espaço de adoração. Deus está contente com a profundidade de nossa busca pessoal, e, da integridade de nossa estrada, e entende nossas conclusões melhor que ninguém.

Imaginem se criássemos comunidades eclesiais onde desvio teológico e dúvidas espirituais não fossem bandeiras ou preocupações de orações; onde todos pudessem falar a verdade mais verdadeira, sem medo de serem empurrados para as margens ou excluídos. Quão diferentes poderiam ser nossas viagens? Quão mais ricas poderiam ser nossas comunidades?

Amigo/amiga, onde quer que esteja hoje em seu caminho, descanse.

E, independentemente do que sinta, pense, acredite e professe hoje, se, algum dia no futuro se encontrar em um lugar diferente, lembre-se: não há problema em mudar de ideia e falar dela.

Baseado no texto de John Pavlovitz.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

PORQUE DEUS ODEIA NOSSA ADORAÇÃO?


Parafraseando Richard Rohr: "Muitas congregações brasileiras [que estão] em vigor pagam seus ministros para protegê-los de Deus" e que "a religião é um dos locais mais seguros para se esconder de Deus".
Será que grande parte de nosso louvor, dança, canto e reavivamento seja para nos esconder realmente do Deus verdadeiro? Será que o deus que buscamos em adoração não é o Deus da Bíblia, mas um que criamos e formamos para atender nossas próprias vaidades e desejos?
Um Deus que nos abençoa sem exigir nada de nós; que nos concede amizade sem camaradagem; que nos ama, mesmo quando odiamos nossos vizinhos; que nos abençoa com prosperidade, enquanto esmagamos os pobres?
Parafraseando John G. Stackhouse: "muitos evangélicos mentem, fraudam, marginalizam e ignoram os outros em uma 'atitude de já perdoados e bem-aventurados'. Eu sou frio, mas Jesus me ama muito, e não lhe devo coisa alguma".
O nosso deus é de nossa própria fabricação: O que é sempre por nós e nunca contra nós. De fato, em muitas igrejas, a adoração é mais sobre nós do que sobre Deus. É mais sobre nos fazer sentir seguros na presença divina do que nos moldar a imagem de justiça, de amor e misericórdia em Deus.
Em vez de nos desafiar a desistir de coisas em nossas vidas que não se pareçam com Cristo, nossa adoração visa ver Deus como um chuveiro, como se nossa bajulação (louvor e adoração), o fizesse ignorar o fato de que nossas igrejas são mais capitalistas do que socialmente justas, mais status quo do que libertadora, mais excludentes do que includentes. Nossa adoração não procura exaltar a Deus, ela tenta gerir e dobrar Deus à nossa vontade.
Mas Deus não se deixa enganar.
A história bíblica nos ensina que a tentativa de influenciar a Deus com louvor vazio nunca é frutífera. Deus disse a nação rebelde de Israel que o ruído de suas orações e a melodia de sua música já não seria ouvida até que aprendessem a amar a justiça. "Fora com o ruído de suas orações!", advertiu o profeta. "Não vou ouvir a música de suas harpas. Corra, porém, o juízo como as aguas, e a justiça como ribeiro impetuoso". (Amós 5:23-24).
Deus sempre preferiu a Justiça ao ritual. Ouça o profeta Isaías: "Não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaça as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?" (58:6).

Sim, a adoração é desejável, mas quando é feita no esplendor da santidade, como declarou o salmista (Sl. 96:9). E o que é a santidade se não a totalidade do caráter de Deus, que inclui o amor, a justiça e a misericórdia? Adorar a Deus no esplendor da santidade significa nos separar das inclinações mundanas da cobiça, da concorrência, da exploração e do ódio. Ele derruba as barreiras que restringem o amor, a liberdade e a prosperidade humana.

É por isso que a adoração é sempre um ato radical. Em seu alcance para o divino, a adoração nos conecta com a taxonomia do coração - Deus é o Deus que deseja. O tema injustiça, ofende a Deus, consequentemente a injustiça e qualquer outra coisa parecida devem ser rejeitadas em nossa adoração. Nós não podemos nos conectar com Cristo e continuar ignorando a cumplicidade de nossos corações com o sofrimento e a opressão. O efeito da presença de Deus é sempre para transformar nossos pensamentos, atitudes e comportamentos.

Desta forma, a adoração não é uma estratégia de escape, uma fuga da realidade ou um meio de espiritualizar o sofrimento para fora da história. A adoração genuína nos ajuda a sentar na tensão da vida com toda a sua feiura, opressão e dor e, por sua vez, ilumina a nossa imaginação sobre os meios de obter a cura, plenitude e a renovação social.

O fundador e editor da revista Sojourners, Jim Wallis, disse: "A atividade espiritual não chega a ser chamada de renascimento até que mude alguma coisa na sociedade". Vocês não podem ser considerados ressuscitados, enquanto seu coração não tiver uma maior misericórdia, uma maior raiva da injustiça e um mais forte desejo de luta por aqueles que mais sofrem.

Não, o culto radical não é apenas banhar-se com o louvor a Deus, é, imitar o caráter de dEle sobre a terra. Qualquer coisa menor que isso não é adoração, é manipulação.

Baseado no texto do Rev. Fredrick D. Robinson.