quinta-feira, 30 de abril de 2015

SIM, A HOMOSSEXUALIDADE É UMA ESCOLHA


CONFISSÃO DE TEMPO
Para todas minhas irmãs e irmãos cristãos que insistem que a homossexualidade é uma escolha, preciso reconhecer e, finalmente, admitir uma coisa: concordo com vocês.

Acredito absolutamente que é uma escolha, só não da maneira que vocês acreditam.

 

Mas acho que em grande parte esse é o ponto crucial do problema que temos. Acho que usam seus termos muito vagamente, sem realmente pensar neles. Quando dizem com bastante naturalidade em suas matérias que a homossexualidade é uma escolha, não tenho certeza se realmente sabem o que querem dizer com "homossexualidade".

 

Muito frequentemente alguns cristãos afirmam que ser lésbica, gay, bissexual, travesti e transexual é pecado; e o fazem, sem realmente perceber que estão reduzindo todas essas pessoas a um mero ato sexual; como se isso por si só definisse sexualidade.
 
Negam qualquer componente emocional em suas vidas; qualquer capacidade de sentir o verdadeiro amor ou mostrar afeto genuíno em direção a outra pessoa.
 
Em uma simplificação grosseira estão rotulando completamente um ser humano formado de forma muito complexa a um mero executor do ato sexual.
 
Isso é algo que nunca fariam com a heterossexualidade, e especialmente com sua própria sexualidade, pois entendem implicitamente que sua orientação sexual é muito mais que um ato físico. É uma parte muito mais profunda de quem si é.
 
É sobre coisas muito maiores do que apenas encanamento e ginástica.
 
Sabem que em suas próprias vidas o ato físico do sexo não é a totalidade de sua sexualidade; que existe também afeto, companheirismo e o desejo de amar e ser amada(o). É sobre para quem você é atraído e obrigado a estar perto.
 
Em suas próprias histórias experimentaram essas coisas em primeira mão, antes de passar pela experiência do ato sexual. Nos momentos em que começamos a entender nossa própria identidade sexual, ela se esgueira para cima de nós e nos surpreende. Não houve provavelmente nenhuma batalha interna, nenhuma grande luta, nenhuma escolha consciente real a ser feita.
 
Não foi uma decisão que tomaram, mas uma realização.
 
Como aluno da terceira série me lembro que costumávamos jogar vôlei no pátio da escola durante o recreio; meninos contra as meninas. (Os meninos viam as meninas como "germes", que deviam ser evitadas, ou, seriam tocados e imediatamente infectados). Lembro que em uma tarde ensolarada, uma garota chamada Lori me perseguiu fumegante por toda escola. Nesse momento algo me atingiu enquanto corríamos através do pátio. De repente percebi que não queria mais ficar longe de Lori. Na verdade queria que ela me pegasse!
 
Naquele momento, não houve nenhuma decisão (a não ser a decisão de iniciar a execução de um conjunto muito mais lento).
 
Depois disso, ao decorrer das próximas semanas, meses e anos era revelado mais e mais ao longo do tempo a descoberta que em nenhum momento foi escolhida.
 
Cristãos, provavelmente vocês lembram disso em suas próprias histórias de identidade sexual e auto-descoberta não é? Vocês simplesmente, naturalmente e involuntariamente sentiram os impulsos.
 
Ao seguir esses impulsos vocês também estavam fazendo uma escolha. A escolha de serem autênticas(os) e verdadeiras(os) para seu coração e liderança de mente. Vocês estavam escolhendo concordar com a verdade sobre como amam. Alternativa que nunca foi uma opção.
Por que é tão difícil acreditar que as pessoas LGBT estão operando de forma diferente?
 
Muitos cristãos gostam de dizer que uma pessoa LGBT "luta com sua sexualidade", que é geralmente incorreta. Quando na realidade, na maioria dos casos, estão lutando contra a forma de como os cristãos os trata por causa de sua sexualidade. Estão lutando para evitar a condenação, estão lutando para ficarem escondidas(os) e protegidas(os) das(os) valentões(as), para permanecerem nas comunidades de fé onde são maltratadas(os) e desprezadas(os).
 
Seus conflitos geralmente não é com a sua sexualidade ou com Deus, mas com o povo de Deus.
 
Povo esse que é bastante descuidado no trato com a comunidade LGBT, como se ela tivesse escolhendo seu caminho de orientação, pois é isso que insinuam quando naturalmente afirmam que ela está por um fio de ser correta, mas tomam conscientemente a decisão de agirem na oposição disto. Estão cobrando-lhes uma traição emocional muito profunda.
 
Será que o pensamento de que uma pessoa pode sobrepor sua própria vida está em todos? Isso significa que se pode muito bem escolher entre ser LGBT ou ser heterossexual. Significa também que através de uma boa persuasão, apoio e prece uma pessoa heterossexual pode escolher ser atraído a desejar alguém do mesmo sexo.
 
Se arrepiaram com essa ideia? (Especialmente vocês homens cristãos heterossexuais Super viris) Acham que esse conceito é realmente ofensivo?
Bom. Deve ser.
 
Não faz sentido e é um insulto à suas integridades pessoais. Essa ideia simplesmente desafia qualquer lógica que vocês, eu, ou qualquer um escolha o caminho que seus corações devem trilhar.
 
Sei que alguns esperam pelo menos clamar pelo hipotético (pois me indagam todos os dias), "Bem, se você afirma que a homossexualidade é natural, a pedofilia também está OK?"
 
Se quiserem realmente comparar duas ou dois adultos conscientes vivendo em uma afeição mútua, companheirismo e amor em relação um(a) com o(a) outro(a) com uma relação em que o(a) adulto(a) pega uma criança exclusivamente para sua satisfação sexual, isso é com vocês, mas acho a comparação francamente ridícula, e mostra um total e preocupante desrespeito para com a humanidade da população de adultos LGBT.
 
O mesmo vale para o hábito que algumas pessoas religiosas tem de igualar a comunidade LGBT com aqueles que se sentem compelidos ao uso abusivo de drogas ou até mesmo de matar e roubar, essa razão é bem simples de explicar: Essas coisas trazem destruição, violência e danos. Essas populações fazem parte das pessoas que desejam algo inerentemente prejudicial. (E simplesmente dizem: "Eles se danificam aos olhos de Deus").
 
Independentemente das tentativas de muitos cristãos de afirmarem o contrário, dois seres humanos LGBT envolvidos em um relacionamento amoroso não são danificados um(a) pelo(a) outro(a). São como os relacionamentos amorosos heterossexuais; encorajadas(os), desafiadas(os), enriquecidas(os) e apoiadas(os) um(a) pela(o) outra(o). (Se não querem acreditar em minha palavra, pergunte a elas(es).
 
Não podemos continuar ignorando esta distinção crítica que fazemos em torno de nossas demonstrações cobertas sobre a comunidade LGBT. É hora de nós, os que afirmam tanto o cristianismo quanto a heterossexualidade, fazer algumas perguntas muito difíceis sobre o que realmente queremos dizer quando falamos que a homossexualidade é uma escolha, e que esta escolha é pecado.
 
Quando usamos as palavras desta forma muito limitada e restrita, assumimos que nossas próprias inclinações, e não apenas o sexo; mas o carinho, a intimidade, companheirismo, romance e amor, estão todos dentro do nosso controle e são modificáveis; envolvem uma decisão em qualquer nível.
 
Também supomos que a qualquer momento podemos ter relações sexuais com alguém, e que sempre será uma atividade desligada e desprovida de amor. Se escolhermos esse caminho, abrimos a nossa própria sexualidade expansiva para reduzi-la a perspectiva de apenas um ato sexual.
 
Além disso, temos que olhar para as Escrituras e perguntar se realmente aquele punhado de versos se refere a uma pessoa com inclinações para o amor, carinho e companheirismo ou apenas se refere a alguém fazendo algo com suas partes do corpo, e também perguntar como podemos aplicar esses versos a seres humanos reais de carne e sangue que procuram relacionamentos autênticos.
 
O que os escritores da Bíblia se referiam quando usaram as palavras hoje traduzidas como "homossexualidade"? (Tal palavra não existia quando ela foi escrita, por isso esta é uma questão crucial para se perguntar e procurar responder bem).
 
É de extrema necessidade dialogar sobre as palavras que são importantes, mas também precisamos abandonar as que são inúteis.
 
Não existe essa coisa de "estilo de vida heterossexual", assim como não há estilo de vida homossexual. Tais termos não têm significado ou valor real. Eles não falam nenhuma verdade sobre qualquer um de nós. Não servem de nada, apenas para humilhar, insultar e evitar o diálogo respeitoso entre as pessoas.
 
Devemos jogá-las no lixo e se atrever a fazer perguntas muito mais difíceis sobre como amor, carinho, intimidade e sexo estão ligados em todos nós.
 
Como indivíduos heterossexuais, não podemos exigir não ser desenhados com grande detalhe e precisão, ao tempo, em que grosseiramente caricaturamos a comunidade LGBT. Seus corações são tão vastos como os nossos, e suas histórias preenchidas com todas as nuances e complexidades que temos experimentado nas nossas.
 
Sim, as pessoas LGBT fazem uma escolha.
 
Escolhem ser as versões mais honestas e autênticas de si mesmos. Escolhem ser lideradas pela direção não filtrada de seus corações, assim como você e eu somos. Escolhem ceder às coisas que em toda a nossa vida não poderemos escolher.
 
As únicas opções relevantes para os cristãos heterossexuais é tratar ou não a comunidade LGBT como seres humanos totalmente inteligentes e emocionalmente complexos, e se estaremos dispostos a examinar nossas opiniões pessoais e nossa teologia em conformidade.
 
A escolha é nossa.

BASEADO NO TEXTO DE JOHN PAVLOVITZ 

 

sábado, 25 de abril de 2015

DEPRESSÃO: QUANDO A NOITE ESCURA DA ALMA PERMANECE DURANTE TODA MANHÃ.

Já estou cansado do meu gemido, toda noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas. Salmos 6:6.
Há muito procurava um estudo sobre depressão, mas não buscava algo que simplesmente dissesse que a pessoa deveria orar e ler a bíblia para que tudo ficasse bem. Claro que sei do poder da oração e da leitura bíblica, mas, para muitas pessoas que vivem tal realidade isso é o suficiente. A depressão é uma doença, e portanto deve ser tratada de forma séria e profunda, preferencialmente por alguém que convive com o problema.
Este estudo não tem a pretensão de finalizar o debate ou mostrar a cura, mas trazer ao conhecimento a experiência de uma pessoa cristã que convive com o problema e como faz para superá-lo. Nossa oração é que este pequeno estudo sirva de alguma maneira para aquelas pessoas que vivem ou convivem com a depressão.
 
 As pessoas falam sobre a noite escura da alma.
 É um lugar onde a luz e a esperança fogem juntas; onde um peso escuro se instala em cima de seu peito e faz sua respiração curta e ofegante.
Naquelas horas sozinho(a), seus demônios reais e imaginários obtém a vantagem e a fé é indescritível.
Sei bem sobre este lugar.
Passei muitas e muitas noites na escuridão atuando como advogado de acusação contra mim mesmo; listando as inúmeras falhas e defeitos que me trouxeram a este momento de desespero.
Quando se está nos lugares escuros e sombrios, tudo é contra você e seu futuro parece revestido de ferro. Você se sente ansioso e oprimido e acha razões para ambas as coisas. Você conspira com os demônios para se fazer acreditar que merece tal desolação; que este é seu lote.
A escuridão tem uma maneira de potencializar todas as coisas que você teme. O silencio dessas horas, ao invés de confortar parece frio, ameaçador e último.
Lá, exausto, mas incapaz de dormir você espera cansado pelo resgate da madrugada, e, essa espera é as vezes insuportável.
 A única coisa mais assustadora e mais tenebrosa do que esta noite escura da alma é quando ela teima em permanecer durante toda a manhã; quando você acorda e percebe que ela ainda esta com você, o medo, a tristeza, a preocupação. É como se a noite decidisse ficar para sempre.
Depressão faz isso. Ela dá aos pesadelos um amplo espaço na luz do dia e faz truques para acreditarmos que ficará para sempre.
 Como pastor cristão, eu deveria simplesmente exortar-vos a orar ou rezar e dizer que "a alegria vem pela manhã", só que às vezes isso não acontece. Às vezes leva anos de manhãs e milhares de horas sem dormir em uma espera desesperada. Muitas vezes o choro dura muito mais tempo do que uma noite, antes de sua passagem.
Quando você menos espera, quando está sem cuidados e alheio a preocupações e tristezas, de repente, ela se aloja em sua mente e você percebe a luz se apagando.
 O desafio quando isso acontece, independentemente de quando acontece, é aprender a suportar; não responder impulsivamente apenas para aquilo que você pode ver naquele momento, pois você não pode ver tudo.
 A maior mentira que a depressão nos diz é que as coisas são assim mesmo e que sempre serão.
Ela não quer que saibamos que o tempo traz coisas novas que somos incapazes de prever ou imaginar. Esperança, cura e a possibilidade de surpreendermo-nos e triunfarmos de uma maneira incrível.
Na verdade, assim como escuridão vem para cima de nós, sem aviso, o mesmo acontece com a luz.
Para alguns de nós, toda oração, aconselhamento, leitura bíblica, exercícios e meditação não é o suficiente. Haverá sempre em nós aquelas terríveis sombras e demônios a espera.
Para nós, a maneira de derrotar a depressão é manter-nos vivos; manter-nos em movimento, apesar da dor e independente de quão difícil seja. Sei que isso é verdade. Existem dias, apesar de quaisquer motivos racionais, que perco a esperança, mas durante esses tempos e estações, aprendi a respirar e simplesmente dizer: "Continue". Não é mágica, não é cura e nem apaga a tristeza, mas me permite perseverar até a noite, que, eventualmente passa e a leveza retorna.
 Sei que alguns de vocês leem isso e não entendem tudo o que compartilho, e pensam que eu deveria comemorar.
 Mas para aqueles que entendem; para os que sabem como a noite escura da alma pode vir e ficar, quero encorajá-los(las) a não desistir.
 Mesmo que esteja na escuridão agora, sua confiança não estará lá para sempre.
Não deixe se enganar por aquilo que parece ser desesperança. Isto é uma miragem.

Não fique com a mentira da escuridão. Ela não pode ficar para sempre.
Sim, a alegria é fato; talvez não na parte da manhã ou não por um tempo, mas é tratada da mesma forma.
Respire e continue.

Fonte: http://johnpavlovitz.com/

sexta-feira, 24 de abril de 2015

PERDENDO MINHA BRECHA: MEDITAÇÃO SOBRE O PERDÃO


"Se teu irmão ou irmã pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Mesmo que pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes voltar dizendo 'Estou arrependido', você deve perdoá-lo". - Jesus (Lucas 17:3-4).
 
"Bingo".
 
isso ai." Pensei comigo mesmo. "Esta é minha brecha." Por muito tempo estive procurando uma saída para fazer algo que não precisasse fazer nada. Estava à procura de uma desculpa para não perdoar um grupo de pessoas que me feriram, e ter prazer em descobrir que foi o próprio Jesus que me deu a deixa (o gancho).
Disto é formado os sonhos de um(a) irritada(o) e rancorosa(o) cristã(o).
 
"E se eles se arrependerem?..."
Esse é o momento nos dramas de tribunais de cinema em que o advogado começa a falar... e nós começamos a roer as unhas até que BOOM, alguém desfalece e rolam os créditos.
Aquelas palavras soaram para mim como um escape. Senti-me aliviado.
 
Por um breve momento fiquei mais leve. Me considerei recebedor da deixa (gancho); isento de perdoar aqueles que me fazem sentir tanta dor. Por um ou dois segundos estive mais uma vez livre para segurar o rancor que pesava sobre meus danos, até o dia em que viessem rastejando a mim com seus corações arrependidos e sem restrições de palavras chorosas de contrição.
 
(Então pensei sobre isso).
 
Mas a minha nova liberdade não durou muito tempo. Lembrei-me de que isso não é o que estamos fazendo aqui.
Viver uma vida de fé não é sobre procurar brechas.
Não se trata de torcer uma pequena frase das Escrituras para facilitar a vida ou para evitar o sacrifício.
Não se trata de explorar a letra da lei para acomodar a minha raiva.
 
O cristianismo não é sobre descobrir como obter o consentimento de Jesus para justificar minha estupidez e idiotice para com as outras pessoas.
 
O mundo tem idiotas o suficiente que perambulam pela bíblia tentando justificar e eternizar um pouco mais de tempo sua insensatez.
Isto não é sobre eles, e não é sobre mim.
Meu padrão de amor para com as pessoas não pode vir da capacidade do meu próprio coração cheio de mesquinhez, orgulho e egoísmo.
 
A Cruz me lembra que o padrão de um seguidor de Jesus deve estar em cultivar em nós o coração de Cristo.
 
Você não precisa de textos que provem isto. Não precisa decorar citações bíblicas para usar como arma. Você só sabe disto quando a lê. Só sente isso quando a vive.
A fé é encontrada quando perseguimos um tipo de vida que desafia o que se espera ou se ganha em troca do merecimento do outro.
É o que se esforça para não simplesmente dar de volta o que recebeu, mas dar algo imerecido, melhor e maravilhoso em troca.
 
Este negócio de Graça é tudo. Ele remove todas as minhas lacunas.
 
E isso é uma coisa boa, porque a verdade é que este perdão liberta-nos. Ele remove de nossos próprios ombros o peso da necessidade de ouvir as palavras certas ou discernir o coração de outra pessoa ou acreditar que seu remorso seja genuíno, para perdoar.
Na verdade, ele nos liberta da necessidade de alguém estar totalmente arrependido.
 
Se eu tentar imitar Jesus não terei mais que catalogar cada reclamação daqueles que me trouxeram dor no passado. Não terei que ter um inventário de cada relacionamento e manter o controle dos pontos de ruptura para perdoa-los. Isso é um desperdício de tempo e energia.
Brechas podem ser armadilhas.
Ultimamente percebo que "não deixar alguém de molho" não é um sinal de fraqueza.
Não existe essa história de que se eles ganharem eu perco.
Na verdade, o cenário de liberdade não é deixá-los fora do molho em tudo, mas o de me libertar da difícil e cansativa tarefa de avaliar todos esses ressentimentos até determinar quais desses objetos de rancores são dignos de remoção.
É dar ao meu coração mais largura para fazer algo de bom no mundo.
 
Ao perdoar, não estou concordando com aqueles que me machucaram. Não vou tolerar sua conduta ou sancionar as terríveis coisas que fizeram e nem concordar com seus motivos e métodos. Olhando para tudo isso magnífica e honestamente digo: "Isso é muito terrível, mas não é o suficiente para me destruir. Não vai me endurecer".
O perdão nunca foi sobre aquele que o recebe. Jesus sabia disso. Sua vida deu testemunho. Sua morte o fez. Sua ressurreição o fez.
O verdadeiro amor é o sacrifício. O real perdão também.
Jesus disse: "Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem." - Lucas 23:34.
 
Minha vocação é clara: Nesta vida, não consigo jogar Deus, eu recebo imitar Jesus.
Estou lentamente aprendendo a perdoar algumas pessoas que realmente não tenho vontade de perdoar, que nunca me pediram o perdão, e talvez nunca pedirão.
Vou contar isso como um crescimento pessoal das evidências de que a verdadeira fé nos estende para além do que podemos fazer sozinhos.
Estou à procura de brechas que me façam amar melhor as pessoas.

BASEADO NO TEXTO DE JOHN PAVLOVITZ.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

NUVEM DE ALGODÃO PREENCHIDA COM AS CORES DO ARO ÍRIS.



Se alguma vez já se sentiram pecadores por querer ver descartada a tanga da imagem de Jesus na cruz para testemunhar os milagres que todo mundo fala, e, sempre chegou um amigo ou parente com o sermão dizendo que você é louco e que "não é de Deus", fiquem tranquilos meus filhos que chegou a absolvição. E não é que dentre muitas outras coisas que se pode encontrar nos lugares pelo mundo, me deparei com a interpretação da história que se refere a vários santos homossexuais da igreja.
Sim, aparentemente, existe apenas um céu para os animais de estimação que você perde durante a infância, mas também há uma nuvem de algodão preenchida com as cores do arco-íris.
John Boswell, historiador e professor da Universidade de Yale, investigou um culto que ocorria durante a Idade Média entorno do rito da "adelphopoiesis"... e não, não é uma doença sexualmente transmissível. É uma cerimônia da Idade Média que tinha como fim unir duas pessoas do mesmo sexo invocando como protetores dessa união São Sérgio e São Baco. A história de Sérgio e Baco remonta ao início do século IV, em tempos do Imperador Maximilian, eles faziam parte da milícia romana, e ainda contavam com a empatia do próprio Imperador, que reconhecia seu trabalho e coragem. Porém... como em toda história romântica, tem que haver um "porém": Sérgio e Baco mantiveram um pequeno segredo... (o mais murcho!!). E não é o que vocês pensam, pois, naquela época a homossexualidade era socialmente aceita, já o cristianismo não. Então, para fazer parte da milícia romana, que era contra o cristianismo, praticar esta religião era um crime punível com a morte. O que se relata, é que Sérgio e Baco foram vítimas de uma pessoa egoísta... Quer dizer, Cesar Diocleciano, soube por um pássaro (e não falo sobre o twitter) que precisamente eles eram cristãos. Então, decidiu organizar um ritual de sacrifício a outros deuses para verificar o rumor. E assim, Sérgio e Baco, como divas teimosas e orgulhosas, recusaram-se a participar deste ritual e, isso, na época, significava uma ofensa ao imperador, por isso, tudo foi exposto e eles condenados à morte, mas não antes de serem torturados e humilhados publicamente. Após a descoberta de que eram "cristãos no armário" Sérgio e Baco foram martirizados, humilhados, espancados e torturados, foram despidos e vestidos em vestidos de noiva, foram obrigados a andar de mãos dadas, acorrentados, frente a todas as pessoas para serem ridícularizados. No entanto, mostraram uma grande coragem para responder a esta humilhação louvando a seu Deus durante o martírio, com a frase: 
"Como noivas tem-nos vestido com hábitos de mulher, e tem feito bem, pois somos noivas entre nós e Jesus Cristo." 


São estes santos gays? Nossos protagonistas foram entregues ao governador da Antioquia, com ordens para que se não mudassem de religião fossem executados. E assim, recusando-se a abandonar sua fé tiveram um destino cruel. Baco foi açoitado até a morte e esquartejado. A resistência que ele mostrou foi tal que os carrascos cansados ​​adiaram sua execusão para o dia seguinte a morte de Sérgio, que durante a noite à espera de ser executado, recebeu a visita de seu amado para reconfortá-lo e lembrá-lo que, apesar de terem sido separados no corpo, ainda estavam juntos no vínculo da união. No dia seguinte, foi a vez de dar "Matarile" a Sergio, que como Baco, suportou um grande martírio chegando a usar sapatos com pregos em um passeio e, finalmente, ser decapitado. Segundo pesquisa de John Boswell, Sérgio e Baco eram gays, e, aparentemente, em um relacionamento conhecido e aceito por todos os militares, no entanto, aqui o estigma que levou a morte foi o de serem cristãos. Da mesma forma, Boswell explica que havia uma oração usada na liturgia para o casamento gay nos "tempos idos" e, atualmente, afirmada durante os casamentos LGBT: "Oh, Senhor Deus Todo-Poderoso (...), que aprovaste a união de seus santos mártires Sérgio e Baco, bendizes também a estes servos teus, Fulano e Beltrano, unidos não pela natureza, mas pela fé no amor. Concede amá-los um ao outro, permite seguirem juntos livres da inveja e das tentações todos os dias de suas vidas... juntos." Para quê? É um tanto quanto reconfortante saber que pelo menos em outros tempos dois homens podiam bendizer sua união sem prejuízo, certo? Bem, podem estar se perguntando quais estampas as imagens de São Sérgio e São Baco foram canonizados por estarem firmes em sua fé? E, esperar por outros mais para completar sua coleção de santos padroeiros, porque há mais... muito mais.


Fonte: http://www.soyhomosensual.com

sábado, 11 de abril de 2015

EVANGELHO DE JOÃO 20:19-31 - TOMÉ.


Será que podemos realmente acreditar que Jesus está vivo? Essa pode ser sua pergunta hoje, enquanto estamos reunidos. Não será apenas uma boa história inventada que chegou um pouco longe demais? Essa talvez tenha sido a pergunta de um amigo que você convidou - ou parente. Eles se recusam a acreditar - eles precisam de uma prova. Se Jesus está vivo, então só acreditarei se eu mesmo vê-lo. Certamente Jesus devia fazer uma aparição na TV, sentar-se no sofá com o Jô Soares, para assim podermos ver e crer. Além disso, estamos a mais de dois mil anos desde que isto aconteceu - todos nós sabemos que os mortos não ressuscitam. Como podemos acreditar que Jesus realmente ressuscitou? Eu tenho que ver, senão, não acredito.

Em nossa leitura encontramos essas mesmas palavras ditas por um dos doze discípulos - um homem que sabia como duvidar, Tomé. Pobre Tomé, o nome atravessou toda a história da igreja com base em suas palavras no versículo 25. "Se eu não ver... não vou acreditar." A fim de compreender as palavras de Tomé, precisamos voltar um pouquinho. No versículo 19, ainda estamos na tarde do primeiro dia da Páscoa. Há relatos do sepulcro vazio trazido pelas mulheres; Pedro e João foram ao sepulcro e creram, mas as coisas ainda não estão totalmente nítidas. Os discípulos estão com medo - as portas estão trancadas - e ainda assim, de repente, de forma inesperada, surpreendente, Jesus está com eles. Não é apenas uma alucinação coletiva; não é apenas uma lembrança de como ele era - Jesus está no quarto. O Jesus ressuscitado pode mostrar-lhes seu corpo, suas cicatrizes - suas mãos e seu lado. Não há dúvidas do que esta acontecendo. E quando ele vem diz uma coisa muito boa: 'Que a paz esteja convosco.' Eles estão com medo, e Jesus traz a paz. Eles ficam contentes quando veem suas cicatrizes. E Jesus os envia: "Como o Pai me enviou, assim também envio a vós." Ele promete o Espírito Santo (a ser recebido no dia de Pentecostes), que irá ajudá-los a ir e proclamar o evangelho - por meio do qual o perdão dos pecados virá. Eles reuniram-se com Jesus. Jesus está vivo e isso muda tudo. Mas no quarto naquela noite havia apenas dez dos doze. Judas cometera suicídio, e Tomé não estava com eles. "Não nos é dito onde estava ou o que estava fazendo, mas de qualquer forma, não viu Jesus. Lembre-se, você não pode atualizar seu status no Facebook e colocar 'no cenáculo com Jesus' e dizer a Tomé: Estamos com Jesus... quando eles o veem próximo, ficam cheio de emoção:'Vimos o Senhor'". No entanto, Tomé não acredita neles. Ele passou três anos com eles, conheceu-os muito bem, mas ainda assim não acredita no que disseram. Deram seu próprio testemunho e ainda assim ele se recusou em crer. Isso não passa por seu padrão de evidências. "Se eu não ver a marca dos pregos em suas mãos, e não meter o dedo no lugar dos cravos e minha mão em seu lado, não acreditarei". Se eu não vir, não vou acreditar. Fim da história. Talvez isso seja o que você ouviu de um amigo ou ente querido: Você pode ser capaz de confiar nesses contos de fadas, mas eu preciso de alguma prova. Imagine a frustração dos discípulos e como devem ter lutado para convencê-lo. A semana continua e, Tomé ainda está decidido. Mas o que o fará crer? Oito dias depois - é o seguinte à noite do domingo - e os discípulos estão novamente reunidos. Mais do que isso, Tomé está com eles neste momento. E, como podemos ver a partir do versículo 26, a mesma coisa acontece. As portas trancadas, Jesus vem, fica entre eles e os cumprimenta com essas palavras: "A paz esteja convosco." Parece está lá justamente para o benefício de Tomé - mesmo sabendo de suas manifestações, Ele foi capaz de dizer: "Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e põe-a no meu lado. Não duvide, mas credes." Para Tomé, a prova que precisava estava em pé diante dele - nós não temos a informação dele ter aceitado a oferta de Jesus - mas parece que tê-lo visto foi o suficiente. E imediatamente Tomé profere a mais plena confissão e declaração de fé encontrada no Evangelho de João: "Meu Senhor e meu Deus!" Não há dúvidas agora com Tomé - Jesus está vivo, venceu a morte, o que significa que ele é o Senhor e Deus, mais do que isso: "Meu Senhor e meu Deus". Tudo o que os discípulos lhe tinham dito era verdade e confirma-se no encontro com o Senhor ressuscitado. Agora façamos uma pausa por um momento. Você pode pensar consigo mesmo: bem, deu tudo certo para Tomé. Ele disse que não acreditaria, a menos que o visse pessoalmente, e Jesus apareceu para ele. Será que isso significa que nunca acreditarei pois nunca o verei pessoalmente? Não acredito? A vontade de um familiar ou de um amigo serão para sempre remetida a duvida, pois Jesus subiu e não ira mais aparecer? Como alguém poderá acreditar agora? De certa forma, Tomé foi um incomum - ele recebeu uma dispensa especial quando Jesus apareceu para ele dessa forma. Mas Jesus continua, enquanto Tomé teve o privilégio de vê-lo desta forma, há uma bênção para aqueles que não viram e ainda assim creram. "Tu acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que não viram e ainda assim creram." É a vida cristã apenas fé? É como estar em um precipício, fechar os olhos e saltar? Não é bem o que Jesus está dizendo - por muitas boas razões. Lembre-se que ele está falando para os Doze, as testemunhas oculares nomeadas para ir e contar o que viram. A razão é que podemos acreditar, porque eles viram - e acreditamos em seu testemunho de que Jesus está vivo. É o que diz João nos dois últimos versos de nossa leitura: "Tu credes porque me viste? Bem-aventurados os que não viram e ainda assim creram. Agora Jesus fez muitos outros sinais, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que você possa crer que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. " Vê a conexão? Tomé acreditou porque viu Jesus face a face. Essa opção não está aberta a nós, assim como acreditaremos? Acreditamos por meio das coisas que foram escritas para nós - o depoimento do testemunho de João fornece as provas que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, através do que disse, do que fez, de como morreu, e de como está vivo. Acreditamos através do testemunho dos discípulos - e assim temos a vida; de modo que estamos abençoados/as (nas palavras de Jesus). A prova de que Jesus está vivo existe - nós mantemos em nossas mãos. Os discípulos foram libertados do medo, das trancas (armários), e, saíram corajosamente declarando que Jesus está vivo. É a palavra que mostra que Ele está vivo, que vai ajudar seus amigos, vizinhos e colegas a encontrá-lo. Se eu pudesse ver, então acreditaria. Por que Jesus não se mostra de uma vez por todas para que possamos saber com certeza que ele está vivo, sem dúvidas? A verdade é que ele se mostra. Jesus ainda toma a iniciativa de se revelar aos incrédulos, quando ouvem o testemunho dos discípulos, quando acreditam que Jesus é quem diz ser, e, assim como nós cremos, eles também podem chegar a conhecer o Jesus ressuscitado. Você vê, nós não somos a primeira geração a ter esta dúvida; nós não somos as primeiras pessoas que nunca viram Jesus e ainda assim creram - o apóstolo Pedro em sua primeira carta escreve para as pessoas que estão no mesmo barco: "Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas." (1 Pd. 1:8-9) Você acredita que Jesus está vivo? Você é capaz de dizer-lhe: "Meu Senhor e meu Deus"? Embora ainda não o tenhamos visto, estamos ansiosos pelo o dia em que iremos vê-lo, e viver com ele para sempre. E tudo porque Jesus está vivo.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

HOMOSSEXUALIDADE: NEM PECADO, NEM DOENÇA


O QUE A BÍBLIA DIZ E O QUE ELA NÃO DIZ


HOMOSSEXUALIDADE E A IGREJA
A mais bela palavra do Evangelho de Jesus Cristo é "todo aquele". Todas as promessas de Deus são dirigidas a todos os seres humanos. Isto inclui as pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Como é trágico que a Igreja Cristã tenha excluído e perseguido as pessoas LGBT!
Fomos todos criados com um desejo de se relacionar com os outros. A qualidade de nossas vidas depende do amor que compartilhamos com os outros, seja com a família, amigos, parceiros ou colegas. No entanto, a sociedade com sua atitude hostil em relação a essas pessoas muitas vezes negam-lhes o acesso a relacionamentos saudáveis. Jesus Cristo nos chama para encontrar o sentido último da vida através de um relacionamento pessoal com o nosso Criador. Esta importante união espiritual pode trazer cura e força para todos os nossos relacionamentos.

NEM PECADO, NEM DOENÇA.
Por muitos séculos, a atitude da Igreja cristã sobre a sexualidade humana foi muito negativa: o sexo era para a procriação, não para o prazer; as mulheres e os escravos eram considerados propriedades dos homens; e muitas expressões da heterossexualidade e homossexualidade foram consideradas pecaminosas. Esta tradição, muitas vezes, continua a influenciar as igrejas contemporâneas. Muitos ensinam que as mulheres devem estar sujeitas aos homens, ainda permitem a discriminação racial e étnica e condenam as pessoas LGBT. Dizem que todos os atos homossexuais são pecaminosos, muitas vezes referindo-se a sua interpretação das Escrituras.
Outras igrejas hoje são influenciadas por um século de pensamento psicanalítico promovido através de uma minoria poderosa de médicos que consideravam a homossexualidade como um tipo de doença. Embora essa visão já tenha sido amplamente desacreditada pela ciência médica contemporânea, algumas igrejas e autoridades eclesiais ainda são influenciadas por ela. Elas dizem que os homossexuais são seres "imperfeitos" e necessitam de "cura".
A boa notícia é que, desde 1968, com a fundação da Igreja da Comunidade Metropolitana, a emergente força da comunidade LGBT e as conclusões de novos estudos científicos sobre a homossexualidade forçaram a Igreja Cristã a reexaminar estas questões. Um número crescente de estudiosos e teólogos bíblicos reconhecem que a Bíblia não condena as pessoas LGBT, relacionando-os a um uso de amor e responsabilidade. Portanto, os homens e mulheres LGBT devem ser aceitos - como são - nas igrejas cristãs, e suas relações devem ser reconhecidas e confirmadas!

QUANTO À BÍBLIA
A Bíblia é uma coleção de escritos que por mais de mil anos contam a história do relacionamento de Deus com o povo hebraico e com o povo cristão. Ela foi escrita em vários idiomas, que abrangem diferentes formas literárias, e reflete culturas muito diferentes da nossa. Esses fatores são cruciais para interpretar corretamente a Bíblia em seu contexto.
Existem grandes diferenças doutrinárias entre as várias denominações cristãs, mas todas usam a mesma Bíblia. Essas diferenças levaram alguns cristãos a afirmarem que outros cristãos não servem de molde a todos! A interpretação bíblica e teológica difere de uma igreja para outra.
Tal interpretação também muda com o tempo. Cerca de 150 anos atrás, nos EUA, alguns cristãos se agarraram ao ensino de que existia um duplo padrão: um para brancos e outro para negros. Os brancos eram superiores aos negros, portanto, os negros tinham que estar subordinados a eles e a escravidão era uma instituição ordenada por Deus. O clero apoiou tal ideia abominável de acreditarmos nisto, com base na autoridade da Bíblia. O conflito sobre a escravidão levou a divisões que produziram algumas das principais denominações cristãs hoje. Essas mesmas denominações, nitidamente, não suportam mais a escravidão. O que mudou na Bíblia? Nada. Sua interpretação é o que mudou!

Novas informações refutam velhas ideias.
Quais são as influências que nos guiam para entender as Escrituras de novas maneiras? Novas pesquisas científicas, a mudança social e as experiências pessoais são talvez os maiores motores de mudança na forma de como se interpreta a Bíblia e desenvolve nossas crenças. O conceito científico de orientação homossexual não existia até o século XIX.
A maioria das igrejas cristãs, incluindo a Igreja da Comunidade Metropolitana, acredita que a Bíblia foi inspirada por Deus e é também uma das principais fontes de autoridade para a nossa fé. Portanto, o que a Bíblia ensina sobre qualquer assunto, incluindo a sexualidade, é de grande importância. O problema, porém, é que às vezes a Bíblia diz muito pouco sobre alguns assuntos; e as atitudes populares sobre essas matérias são determinadas muito mais por outras fontes, e tais atitudes são então tomadas como sendo declarações bíblicas. Isto é o que aconteceu especialmente com o tema da homossexualidade. Mas, felizmente, estudos recentes refutam a maioria destes pressupostos e conclusões.

Gênesis 19:1-25
Qual foi o pecado de Sodoma? Alguns pregadores descuidadamente proclamam que Deus destruiu as antigas cidades de Sodoma e Gomorra por causa da "homossexualidade". Embora alguns teólogos considerem a homossexualidade como o pecado de Sodoma, uma leitura cuidadosa das Escrituras corrige tal ignorância.
No capítulo 18 de Gênesis, anuncia juízo sobre essas cidades, Deus enviou dois anjos a Sodoma, onde Ló, sobrinho de Abraão, ora e convence-os a permanecer em sua casa. O capítulo 19 nos diz que "os homens da cidade, todas as pessoas" "cercaram a casa de Ló exigindo a libertação de seus visitantes", "queremos conhecê-los". A palavra hebraica para "conhecer" é neste "caso yadha" o que geralmente significa "ter conhecimento profundo de." Poderia também expressar a intenção de examinar as credenciais dos visitantes ou, em raras ocasiões, o termo implica em relação sexual. Se o último foi o significado pretendido pelo autor, teria sido um caso nítido de tentativa de estupro grupal.
Horrorizado com esta grave violação das regras antigas de hospitalidade, Ló tenta proteger os visitantes, oferecendo suas filhas para a multidão enfurecida, uma ação moralmente atroz para os padrões de hoje. O povo de Sodoma se recusa, por isso os anjos torna-os cegos. Ló e sua família são resgatados pelos anjos e as cidades são destruídas.
Note alguns pontos. Em primeiro lugar, o julgamento destas cidades por sua maldade havia sido anunciado antes do suposto incidente homossexual. Em segundo lugar, todas as pessoas de Sodoma participaram do assalto à casa de Ló; em qualquer cultura sobre a população homossexual não vai além de uma pequena minoria. Em terceiro lugar, o fato de Ló oferecer suas filhas sugere que ele sabia que seus vizinhos tinham interesses heterossexuais. Em quarto lugar, se o problema era sexual, por que Deus poupou Ló e suas filhas, que imediatamente em seguida cometem incesto? O ponto mais importante: por que em nenhum outro lugar as escrituras se refere a este episódio, fazendo qualquer referência à homossexualidade?

Qual foi o pecado de Sodoma?
 
Em Ezequiel 16:48-50 afirma-se nitidamente: os habitantes de Sodoma, como muitas pessoas hoje, tinham abundância de bens materiais, mas não conseguiam atender às necessidades dos pobres e adoravam ídolos. Os pecados de injustiça e idolatria atormentam todas as gerações. Nós seremos julgados da mesma forma, se criarmos falsos deuses ou praticarmos a injustiça.

Levítico 18:22 e 20:13
Os cristãos de hoje não seguem as regras e rituais descritos em Levítico. Mas alguns ignoram as suas definições em torno de sua própria "impureza" quando usam Levítico para  condenar "homossexuais". Tal abuso da Escritura distorce o significado do Antigo Testamento e negam a Nova mensagem.
"Não te deitarás com outro homem como se fosse mulher: é abominação." Estas palavras ocorrem exclusivamente no Código de Levítico, um manual de ritos para a santidade dos sacerdotes de Israel. Seu significado só pode ser totalmente apreciado no contexto histórico e cultural do antigo povo hebreu. Israel, em uma posição única como o povo escolhido de um único Deus, assim fez para evitar as práticas de outros povos e deuses. A religião hebraica, caracterizada pela revelação de um Deus, ficou em tensão contínua com a religião dos cananeus que a cercavam, que adoravam vários deuses nos cultos de fertilidade. A adoração de ídolos cananeus era um culto de prostituição de homens e mulheres (Deuteronômio 23:17), que, repetidamente comprometiam a lealdade de Israel ao seu Deus. qadesh, a palavra hebraica para um homem prostituto cultual é pessimamente traduzida como "sodomita" em algumas versões da Bíblia.

O que é uma "abominação"?
Uma abominação é aquilo que Deus via como detestável porque era impuro, desleal ou injusto. Várias palavras hebraicas foram traduzidas desta maneira, e toevah, a única encontrada em Levítico, é geralmente associada com a idolatria, como em Ezequiel, onde aparece muitas vezes. Dada a estreita relação de toevah com a idolatria e a prática religiosa de culto e prostituição cananéia, o uso de toevah sobre atos sexuais entre homens em Levítico questiona qualquer conclusão de que tal condenação também se aplica às relações gays feitas com amor e responsabilidade. Os ritos e regras encontrados no Antigo Testamento foram dados para preservar as características distintivas da religião e da cultura de Israel. Mas, como afirmado em Gálatas 3:22-25, os cristãos já não estão vinculados por estas leis judaicas. Pela fé, vivemos em Jesus Cristo, não em Levítico. Na verdade, as preocupações éticas aplicam-se a todas as culturas e povos em todas as idades. Tais preocupações foram refletidas em seu melhor por Jesus Cristo, que não disse nada sobre a homossexualidade, mas conversou muito sobre o amor, a justiça, a misericórdia e a fé.

Romanos 1: 24-27
A maioria dos livros do Novo Testamento, incluindo os quatro Evangelhos não dizem nada a respeito de atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, só Paulo menciona o assunto. A declaração mais negativa é encontrada em Romanos 1:24-27, onde, no contexto de uma discussão mais ampla tem-se a necessidade de recorrer para o evangelho de Cristo, quando se determina comportamentos homossexuais como exemplo de "sujeira" de idólatras gentios. Esta passagem se refere a todos os atos homossexuais, ou a um determinado comportamento homossexual conhecido pelos leitores de Paulo? A Carta aos Romanos foi escrita para cristãos judeus e gentios residente em Roma que estavam familiarizados com os excessos sexuais e infames de seus contemporâneos, especialmente dos imperadores romanos. Eles também tiveram notícias de tensão na Igreja primitiva sobre os gentios e a observância da lei judaica, como vemos em Atos 15 e na carta de Paulo aos Gálatas. As leis judaicas de Levítico relacionada a atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, é feita em um contexto de idolatria.

O que é "natural?"
É significativo que para Paulo estes gentios "impuros" trocaram o que era natural para eles (em grego: physis) por algo "não natural" (por physin). Em Romanos 11:24, Deus age no "não-natural" (physin) para aceitar os gentios. Nessas passagens a palavra significa "Contra Natureza", não se refere a violação das chamadas leis da natureza, mas sim implica em uma ação contradizendo a própria natureza. Vendo isso, temos de reconhecer que o que é "não natural" (physin) hoje para uma pessoa com orientação homossexual, é tentar viver uma vida heterossexual. Romanos 1:26 é a única passagem na Bíblia com uma possível referência ao comportamento lésbico, embora a intenção específica deste versículo não seja nítida. Alguns autores têm visto nesta passagem uma referência as mulheres que adotam um papel dominante nas relações heterossexuais. Dada a situação cultural repressiva das mulheres na época de Paulo, essa interpretação pode ser possível. As práticas homossexuais citadas em Romanos 1:24-27 foram consideradas como o resultado de idolatria e foram associadas a alguns crimes muito graves, como vemos em Romanos 1. Tomada em um contexto mais amplo, seria óbvio que tais atos eram substancialmente diferentes de amar, responsável pelas relações LGBT de hoje.
1 Coríntios 6: 9 e 1 Timóteo 1:10
Qualquer consideração sobre as declarações do Novo Testamento a respeito de atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo deve ter em conta o contexto social da cultura greco-romana, em que Paulo ministrou. Prostituição e pederastia (relações sexuais de homens adultos com meninos) foram os atos sexuais masculinos mais comumente conhecidos. Em 1 Coríntios 6:9 Paulo condena "efeminados" e "abusadores de si mesmos com a humanidade", como traduziu a versão de King James, ou "sodomitas" na versão Nacar-Colunga. Infelizmente, algumas novas traduções são piores, trocando estas palavras por "homossexuais". A bagagem desmascara a homofobia que está por trás de tais erros de tradução. A primeira palavra, malakos no texto grego, que foi traduzida como "efeminado" ou "macio", provavelmente se refere a alguém que não tem disciplina ou controle moral. A palavra é usada em outras partes do Novo Testamento, mas nunca com referência à sexualidade. A segunda palavra, arsenokoitai, encontramos uma vez em 1 Coríntios e 1 Timóteo novamente, mas em nenhum outro texto da época. Derivado de duas palavras gregas significando "homens" e "camas" como um eufemismo para o sexo. Outras palavras gregas eram comumente usadas para se referir ao comportamento homossexual, mas não aparecem aqui. O contexto mais amplo de 1 Coríntios 6 mostra Paulo extremamente preocupado com a prostituição, por isso, é muito possível que esteja se referindo à prostituição masculina. Mas muitos especialistas que agora tentam traduzir estas palavras chegam a uma conclusão simples: o seu significado é incerto.

Não há nenhuma lei contra o amor
A raridade com que Paulo se refere a qualquer forma de comportamento sexual entre pessoas do mesmo sexo são referências ambíguas, o que invalida qualquer conclusão definitiva sobre a posição do Novo Testamento a respeito da homossexualidade, especialmente no contexto de relações vividas com amor e responsabilidade. Uma vez que quaisquer argumentos devam ter em conta a falta de dados, é muito mais confiável transformá-los nos grandes princípios do Evangelho ensinados por Jesus e os apóstolos. Amar a Deus com todo o teu coração, e amar o próximo como a si mesmo. Não julgar os outros, de modo que Deus não julgará vocês. O fruto do Espírito é: amor... não há nenhuma lei contra isso.
Uma coisa é absolutamente nítida, como Paulo diz em Gálatas 5:14 Toda a lei se resume neste único mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo . "

OUTROS COMENTÁRIOS
"A homossexualidade à qual se opõe o Novo Testamento é a pederastia da cultura greco-romana, as atitudes em relação à ela e, em parte, a linguagem utilizada para se opor a ela são dadas pela tradição judaica."
Robin Scroggs, Professor de Teologia Bíblica,
Seminário Teológico Union, New York
 (EUA).

"O argumento mais forte do Novo Testamento contra a atividade homossexual é intrinsecamente imoral que tem sido tradicionalmente a partir de Romanos 1:26, onde esta atividade é indicada como physin. A tradução comum para esta frase era "antinatural" que pode ser interpretada de duas formas no sentido que Paulo queria dizer com esta frase. Por um lado pode se referir ao indivíduo pagão, que vai além de seus próprios apetites sexuais para desfrutar de novos prazeres. A segunda possibilidade é que physin refere-se a "natureza" do povo eleito, que de acordo com Levítico, foi proibida relações homossexuais ".
John J. McNeill, Professor Adjunto de Psicologia,
Seminário Teológico Union, New York (EUA).
"Uma leitura cuidadosa sobre a discussão de Paulo em Romanos 1 sobre atos homossexual não apoiam a interpretação moderna comum do texto. Paulo não negou a existência de uma distinção entre puros e impuros e até mesmo supôs que os cristãos judeus continuariam a observar o código de pureza. No entanto, ele se absteve de identificar a "impureza" física como pecado ou de exigir que os gentios aderissem a esse código".
William Coutryman, professor de Novo Testamento
Igreja Divinity School of the Pacific, Berkeley, Califórnia
 (EUA).
"O toevah hebraico, traduzido aqui como "abominação" não significa necessariamente algo intrinsecamente mau, como estupro ou roubo (discutida em Levítico), mas algo que é impuro para os judeus, como comer carne de porco ou relações sexuais durante a menstruação, ambos proibidos nesses capítulos."
John Boswell, Professor de História,
Universidade de Yale, em New Haven, Connecticut (EUA).
Panfleto escrito pelo Rev. Don Elder Eastman - Fraternidade Universal das Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM).