quarta-feira, 17 de junho de 2015

E OS ENTREGOU A SUAS PRÓPRIAS PAIXÕES!


ROMANOS I: LEIA O CAPÍTULO INTEIRO QUERIDO!

"Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios.
Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou."

"Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;
Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.
Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos.
E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.
Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;
Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
Estando cheios de toda a iniquidade, fornicação, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
Os quais, conhecendo o juízo de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem."


Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem.
E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?


Já perdi a conta do número de vezes que recebi emails de estranhos que, ao encontrar este blog, colocam uma colagem de Romanos 1:26-27 em seus escritos, como se isso fosse tudo que precisassem dizer para provar seu ponto de vista de que a Bíblia condena a homossexualidade. Suspeito que esses quatro versos já foram citados a cristãos LGBTI pelo menos umas mil vezes. Há poucas dúvidas que estes versos não soem favoráveis em matéria de relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, e, eles não são favoráveis, mas por razões que dependem da visão de mundo no momento da escrita de Paulo em torno dos papéis de sexualidade e gênero humano, que era outro mundo a partir do nosso.

Mas, mesmo antes de olhar para esses versículos, precisamos reconhecer que 1:26-27 não estão sozinhos, mas são citados como se fossem a palavra definitiva sobre uma condenação bíblica sobre a homossexualidade, só depois correm atrás da prova da mensagem de texto.
A prova da mensagem de texto é simplesmente quando um verso ou uma seleção das escrituras são usadas para apoiar uma posição sem levar em conta o contexto em que se realizou a escritura, muitas vezes dando as palavras das escrituras significados diferentes do que era a intenção original do escritor. Para usar qualquer escritura para apoiar suas próprias ideologias sem levar em conta o contexto em que ela foi colocada e a intenção do escritor, isso desonrará a Escritura como um todo.

PODEMOS FALAR SOBRE... PAULO?
Antes de pular para Romanos I, I Coríntios e I Timóteo que são todas atribuídas a Paulo e contêm as únicas passagens do Novo Testamento que se referem ao homoerotismo, vamos parar um momento e olhar para o homem Paulo. Em HOMOEROTISMO NO MUNDO BÍBLICO, Martti Nissinen dá algumas perspectivas necessárias:
"Em várias comunidades cristãs, o que Paulo escreveu uma vez, foi posteriormente percebido como palavra de Deus. O próprio Paulo, foi carne e sangue, um homem educado de origem judaica helenística cuja visão de mundo e padrões morais, mesmo depois de sua conversão em Jesus Cristo, teve muito haver com seu ambiente cultural. Era um homem considerável e autoconsciente, cujas cartas foram feitas para serem de fato autoritárias. No entanto, ao escrever sua carta aos romanos, ele não estava ciente de que suas palavras fossem tomadas como Santa Escritura em Romanos 1:26-27 com relação a interação do mesmo sexo, tanto masculino como feminino, no entanto elas continuam a afetar a vida de pessoas LGBTI na virada do terceiro milênio."
Nos círculos cristãos conservadores questionar a Paulo equivale a questionar a Deus ou Jesus, acredito que ele era um homem segundo o coração de Deus, e, que tinha passado por uma experiência de transformação em sua vida na estrada de Damasco, mas fico preocupado com nossa tendência de evitar qualquer análise crítica em alguns dos ensinamentos dele, embora o próprio ocasionalmente atribua a si, seus ensinamentos e seus pontos de vistas, em vez de a Jesus Cristo (I Coríntios 7:6). Poso ser ousado a ponto de dizer que há cerca de três mil milhas de diferença entre questionar a teologia de Paulo em certos pontos e questionar a Deus ou isso daria o rótulo de herético? Se assim for, de bom grado vou usá-lo.
Quando Paulo fala de mulheres, ele reflete nitidamente a cultura de seu tempo. "As mulheres devem ficar em silêncio na igreja... pois é uma vergonha para uma mulher falar na igreja" (I Coríntios 14:34-35), e as mulheres devem vestir trajes decorosos, evitando "cabelos trançados, ouro, pérolas, vestidos caros. (I Timóteo 2:9). Se o ensinamento de Paulo é a palavra de Deus e tão relevante hoje como era no mundo antigo, o que devemos fazer com as pregadoras conservadoras como Miryan Rios, Valnice Milhomes? Como é que em vários círculos cristãos muitos usam roupas mais finas, incluindo jóias caras e roupas de grifes? De alguma forma, os cristãos fundamentalistas conseguiram ignorar estas passagens e ainda se apegaram a mensagem sobre homoerotismo como sendo nitidamente negativa. Fico extremamente preocupado com a evidente falta de consciência de muitos cristãos em seu tratamento com os ensinos bíblicos, tanto no Velho como no Novo Testamento. Uma carga continua é jogada em relação aos cristãos LGBT quando evitam lidar com as passagens que condenam a atração pelo mesmo sexo e ainda, mesmo que isso fosse verdade, ainda a tornam mais pesada destacando as observações negativas sobre homoerotismo, ignorando as passagens que poderiam mudar seu comportamento e vida se a enfatizassem com o mesmo rigor?
Voltemos a Romanos I e o porquê essa é a passagem que parece ser a mais rapidamente lançada contra LGBT cristãos pela igreja, pode ser valioso e espero que interessante olhar para vários tópicos gerais antes de pular para passagem propriamente dita.

RELAÇÕES DO MESMO SEXO NA ANTIGUIDADE GREGA E ROMANA
Caso você tenha feito qualquer leitura sobre o tema da homossexualidade e a Bíblia, sem dúvidas, tropeçou sobre o longo prazo da pederastia. Foi recentemente que entendi o que significava pederastia e como ela se aplica a compreensão bíblica de homoerotismo. Tenho opitado deliberadamente por homoerotismo, uma vez que a palavra se refere à atividade sexual dos indivíduos envolvidos, enquanto homossexualidade se refere a orientação sexual. A homossexualidade é limitada aos homossexuais. Homoerotismo pode ser experimentado por ambos, homossexuais e heterossexuais.
"Quando um amante mais velho e um jovem se unem e cada um obedecem ao princípio adequado para ele - quando o amante percebe que deve fazer qualquer coisa pelo ente querido que lhe concede favores, e, quando o jovem compreende que deve executar um serviço para o amante que possa fazê-lo sábio e virtuoso - e quando o amante é capaz de ajudar o jovem tornar-se sábio e melhor, e o jovem anseia ser ensinado e melhorado por seu amante - então, e só então, quando estes dois princípios coincidem absolutamente, é sempre honroso para um jovem aceitar o amante."
De muitas maneiras a pederastia era um rito de passagem para os jovens entrarem no mundo da vida adulta, e, a educação fornecida por seu mentor rodeava por todas as áreas de sua vida, desde a educação para o mundo cultural, mundo dos negócios e também o preparava para ser o parceiro sexual de sua futura esposa. Embora, muitas vezes a relação continuasse após o casamento do jovem, qualquer atividade sexual era geralmente suspensa neste ponto. A preocupação de muitos em relação a pederastia era como em qualquer rito de passagem ou de iniciação que houvesse risco, neste caso, era que o rapaz fosse longe, aproveitando demais o papel de passivo e, ao fazê-lo, permanecer lá em vez de se tornar um macho desejado e ativo clássico. Embora as estatísticas sobre  aparecimento da pederastia na antiguidade possam nunca ser conhecidas, tanto na literatura antiga como na atenção dada por escritores como Platão, Sócrates entre outros, nota-se que havia uma ocorrência bem comum e conhecida em toda a Grécia e Roma. É importante notar que no meio desta prática, homens continuavam a manter relações sexuais com mulheres. Eles não se atraiam exclusivamente pelo mesmo sexo, como no caso das pessoas lésbicas, gays e travestis auto identificadas em nossa cultura.
Em Esparta a pederastia foi generalizada, mas de uma maneira um pouco diferente.
Voltemos ao homoerotismo no Mundo Bíblico, Nissinen esplica que, "em Sparta e em alguns outros estados a pederastia tinha uma conexão estabelecida com a cultura militar. Porque "só amantes podem morrer uns pelos outros. Tropas militares foram, por vezes, organizadas de acordo com as relações pederastas, de modo que um homem e um menino lutavam lado a lado, servindo os mais velhos como modelos e cutucando o mais jovem para uma heroica ação." (Página 58).
A pederastia tomou uma força preocupante e inaceitável por muitos em Roma. Em vez de existirem como uma relação de mentor-aluno entre duas pessoas livres, se manifestou como uma relação entre um homem livre e um escravo. A motivação do relacionamento não estava mais centrada no amor e na educação, mas no prazer sexual do parceiro ativo. O imperador Nero, conhecido na literatura por suas atividades homoeróticas foi tão longe que "casou" com um de seus escravos. Ele castrou o escravo, vestiu-lhe como uma mulher e deu-lhe um nome de mulher. A atividade de Nero como imperador sem dúvida espalhou-se por todo o mundo antigo, como em nossa próprio, e, parece mais do que provável que Paulo possa ter ouvido falar desses contos ultrajantes vindos de Roma, influenciando seus pensamentos sobre as relações de pessoas do mesmo sexo, ainda que isso seja apenas uma possibilidade. O que sabemos é que Paulo conectava o homoerotismo principalmente à idolatria.

A VISÃO DE MUNDO CLÁSSICA DA PAIXÃO
O maior problema da pederastia, seja como praticada em Roma ou naqueles casos em que os jovens se identificavam muito de perto com o papel do parceiro passivo na cultura grega, de acordo com os moralistas e os estóicos, era o perigo de levar a paixão. Em nosso contexto a palavra paixão traz a mente desejo e grande emoção. Vemos a paixão como uma possível força para o bem. "Siga sua paixão" é uma frase usada para inspirar e, um "abraço apaixonado" é algo cheio de emoção que queremos experimentar com nosso(a) amado(a). Você pode ser apaixonado(a) por culinária francesa ou pelo anuncio do Evangelho. No entanto, a visão do mundo clássico sobre paixão era bem negativa. Paixão, ou pathos, era sinônimo de ser "fora de controle". Vemos a palavra phatos aparecendo em vários lugares nos escritos de Paulo e, em cada caso denota uma força negativa que anula o auto-controle do ser humano (Romanos 7:5; I Tessalonicenses 4:5; Gálatas 5:24 e Romanos 1:26). Em Colossenses 3:5 paixão (pathos) deve ser evitada. Não há nenhuma boa paixão para Paulo. O motivo de se casar para ele tinha pouco haver com amor, mas era a melhor solução para evitar a paixão, pois sabia estar fora de controle sexual, o "casamento cristão" é colocado como algo incomum (I Coríntios 7:9). Do mesmo modo, as relações do mesmo sexo, muito provavelmente com a pederastia em mente, sempre estavam fora do controle, e deviam ser evitadas, era como abandonar o estado mais ideal do celibato por um casamento. Ele acreditava que o retorno de Jesus era iminente e, portanto, o casamento era visto como uma distração de pouco efeito.

A OPINIÃO DE PAULO: NATURAL VERSUS NÃO NATURAL
Antes de tomarmos a referência específica de Paulo para as relações naturais e não naturais em Romanos 1:26-27, nos faz bem entender tanto a visão do mundo antigo sobres estas palavras como o contexto em que o apóstolo usou as mesmas em outras passagens. A palavra natureza ou physis em grego, da qual obtemos a palavra para o estudo da física, refere-se a coisas que são entendidas por estarem de acordo com seu caráter particular, ou algo do tipo (O que a Bíblia diz sobre a Homossexualidade - Daniel Helminiak). "Para Paulo, o mundo 'natural' não significa estar de acordo com as leis universais. Em vez disso 'natural' refere-se ao que é característico, consistente, comum, esperado, e regular".
Esta definição está em consonância com outras ocasiões em que ele escreve sobre o que foi considerado natural. Por exemplo, esperava-se que um judeu fosse um judeu por natureza (Romanos 2:14). Sempre se espera que um judeu seja familiarizado com a Lei e que seja circuncidado, pois ambos são padrão para um judeu. Nos papéis de gênero, discutidos em Levítico, as pessoas são obrigadas a fornecer limites nítidos entre macho e fêmea (macho superior e fêmea inferior). A honra masculina ficaria comprometida se o macho parecesse muito feminino e baixar-se para uma posição inferior (fêmea). Por esta razão, Paulo diz em I Corintios 11:14-15a que "ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido? mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso."
As duas palavras (Pará e physin) que aparecem em algumas versões da Bíblia como "não natural", são entendidas em nossa cultura como sendo algo perverso ou artificial (Merriam - Webster Dicionary) mas, parece ser uma tradução imprecisa. Pará significa tanto "contra" ou "além", assim para physin significa que ou o que é contra ou além da natureza. Isso nos leva de volta a nosso olhar sobre o entendimento de Paixão que tinha Paulo, igualando-a ao estar fora de controle. Da mesma forma estar além da natureza era estar fora de controle. Você não estava fazendo o que era esperado, mas indo além do esperado, para o extremo. Não estava fazendo uma coisa comum, mas algo que estava fora do comum. Ir além da natureza parece menos negativo do que fazer o que não é natural, mas para ele é realizar conotações muito negativas. Lembre-se de novo que ele poderia ter conhecido a respeito do homoerotismo a partir da prática da pederastia grega e romana ou pela história do casamento do mesmo sexo praticado por Nero. Ele e seus contemporâneos não tinham a compreensão de orientação sexual da homossexualidade, pois esse é um conceito relativamente novo. Em vez disso, os antigos moralistas consideravam o comportamento homossexual como "a expressão mais extrema da luxúria heterossexual" (Heterossexismo e a Interpretação de Romanos 1:18-32 de Dale Martin). Este mesmo pensamento também levou os moralistas a concluírem que a gula era o ir além do comer natural. A natureza pretende que as pessoas normais sejam saciadas com uma quantidade moderada de alimentos, mas o glutão se entrega a mais, indo além dos limites normais que moralmente satisfazem. "A gula era 'comer muito'. A homossexualidade (homoerotismo) era fazer 'muito sexo'" (Martin). Assim, nas notas de rodapé da THE NEW OXFORD ANNOTATED BIBLE, terceira edição refere-se a Romanos 1:26 afirmando que "Apesar de lida hoje amplamente como uma referência a homossexualidade, o significado de relação sexual não natural mais frequentemente utilizado nos dias de Paulo não denotava orientação do desejo sexual, mas a sua indulgência imoderada, que acreditava-se enfraquecer o corpo (castigo merecido)".
INTENÇÃO E CONTEXTO DE ROMANOS I
O cristianismo tinha começado a crescer em Roma e, era composto de ambos os crentes, gentios e judeus.
Embora Paulo nunca tivesse ido à Roma, ele menciona na abertura que, muitas vezes tem a intenção de ir a eles, expressa a esperança de em breve visitá-los. Enquanto isso, envia esta carta a igreja de Roma que estabelece a doutrina paulina e os grandes temas do evangelho. A maioria consideraria o Livro de Romanos como a mais completa declaração teológica de Paulo.
Nos três primeiros capítulos, Paulo argumenta a necessidade de que todas as pessoas, tanto judeus quanto gentios, estabeleçam sua fé em Jesus Cristo. No capítulo I ele fala para os judeus o pecado dos gentios que, pelo que parece, ter sido informado anteriormente por eles, o que resultou nessa resposta. No capítulo II, Paulo fala sobre os judeus e destaca seu pecado. No capítulo III, ele chega a conclusão de que "Todos pecaram e estão destituídos da Glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus" (vs. 23, 24). Esta parece ser a intenção última de Paulo, afirmar a necessidade de todas as pessoas experimentarem a salvação pela mensagem evangélica e, da disponibilidade do Evangelho a todas as pessoas, gentios e judeus, homens e mulheres, escravos ou livres.
Paulo escrevia para um povo específico em um momento específico. Não há indicação em qualquer outro lugar nas palavras do apóstolo que o que ele escreveu era para todo o mundo e em todo o tempo. Ele era ignorante de que milhares de anos mais tarde os cristãos leriam suas palavras, muito menos que entraria para um cânone ao lado da Torá. O foco dele foi a igreja de Roma. Em Romanos I, ele escreve para um público essencialmente judaico (visto em sua referências aos gentios como eles e elas) e aborda a causa dos gentios, impureza étnica que é a idolatria. Romanos I é uma história sobre a origem e as consequências da idolatria.
Em cometer idolatria do povo Gentio desonrou a Deus e em resposta Ele transformou-os em desonra. O povo escolheu participar ativamente do pecado, sendo este a idolatria, mas a partir desse ponto, Deus é quem lhes entrega para os outros pecados como uma penalidade para a grande ofensa inicial. Antes de saltar os olhos para a tempestade (versos 26-27) tome um minuto para ler os versículos 21 a 31, como está escrito aqui para que você possa ver com mais nitidez o padrão incluso no texto.
O Pecado: Porque, tendo conhecido a Deus eles não o glorificaram como Deus, nem lhes deram graças, mas tornaram-se fúteis em seus pensamentos e seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus incorruptível em semelhança a imagem de homem mortal, pássaros, animais ou répteis. (Versos 21-23).
A Penalidade: Assim (por conta de) Deus os entregou às concupiscências de seus corações e à imundície, para desonrarem seus corpos entre si. (Versículo 24).
O Pecado: Porque eles mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o criador, que é bendito eternamente! Amém.(Versículo 25)
A Penalidade: Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza, e semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.(versos 26-27)
O Pecado: E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus...(Verso 28)
A Penalidade: Deus os entregou a um sentimento e conduta imprópria. Eles estavam cheios de toda sorte de injustiça, malícia, cobiça, maldade. Cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobediente aos pais, insensatos, sem fé, sem coração, implacáveis. (Versículos 28b-31).

Voltando para os versículos 26-27, que precisamos ser honestos o suficiente para dizer que não sabemos exatamente o que Paulo queria dizer ou o que poderia ter pensado a respeito de nossa compreensão atual de homossexualidade. Sabemos no entanto que ele era judeu e que a ênfase na pureza em Levítico fazia parte de seu pensamento, e, como era a visão do mundo greco-romana em que ele viveu. O entendimento de Paulo sobre a sexualidade não fica fora de tudo isso, mas foi moldado por tudo que o rodeava. Parece mais do que evidente que nos versos 26-27 ele tenha uma visão negativa do homoerotismo e enquanto não podermos saber com precisão o que queria dizer, podemos fazer várias hipóteses gerais:
  1. Unnatural (para physin) é melhor compreendida como aquilo que é fora do comum ou para além do normal e não como perversão.
  2. O sexo era para fins de procriação e tinha de incluir um parceiro dominante (macho) e um parceiro passivo (feminino). Qualquer coisa que não atendesse a essa forma normativa era physin.
  3. Um dos homens em um encontro do mesmo sexo desonra a si mesmo assumindo o papel de parceiro passivo e reduzindo o seu status para o de uma mulher. O outro homem traz desonra sobre si mesmo, permitindo que seu parente assuma o papel de parceiro passivo.
  4. Paulo, como seus contemporâneos, via todas as paixões como descontroladas e negativas. Como resultado a paixão sempre foi desonrosa e, obviamente, o resultado é ser consumido por ela. A paixão que um marido pode ter por sua esposa seria vista como igualmente negativa. Ele não está tão interessado em condenar o comportamento homoerótico, mas paixões descontroladas e com falta de moderação.
  5. No mundo antigo, não havia um entendimento de orientação homossexual para esse assunto. O apóstolo viu a idolatria como a causa do homoerotismo, em vez de orientação sexual de uma pessoa ou até mesmo como uma escolha humana. Foi uma pena exigida por Deus aos gentios idólatras.
  6. Relações não naturais para as mulheres poderiam se referir a qualquer atividade sexual onde a procriação não fosse uma possibilidade. Isto poderia incluir o sexo durante a menstruação, sexo anal ou homoerotismo. Relacionamento não natural para as mulheres também poderia se referir a qualquer atividade sexual que fosse além do comum. Porque era esperado das mulheres em cada encontro sexual que fossem as parceiras passivas, qualquer outra coisa além disso seria contra a natureza. A mulher ser o comandante em um encontro heterossexual era o mesmo que assumir o papel dominante com outra mulher.
CONCLUSÃO
Há quem use este capítulo para condenar a homossexualidade, mas ao fazê-lo está escolhendo enfatizar erroneamente a parte de uma descida progressiva ao pecado por um determinado povo cujo pecado original era idolatria. Lembre-se que tudo que se segue são um resultado direto de Deus dando-lhes comportamentos que iriam levá-los a desonrarem a si mesmos. Sua escolha deliberada foi a idolatria, mas o resto foi uma punição imposta a eles por Deus.
Gostaria de propor que esta passagem não falasse de pessoas LGBT dentro de nossa cultura, mas aos idólatras gentis localizados em Roma. Se alguém usar essa passagem como condenação a homossexualidade dentro de nosso mundo atual, acreditando que Paulo está se dirigindo a queda universal da humanidade e da homossexualidade, em particular, então devem aceitar o argumento completo, que inclui o seguinte:
  1. Houve uma época em que o mundo inteiro era monoteísta e um tempo quando o politeísmo e a idolatria entraram no mundo.
  2. Que até aquele momento não havia coisa como atração homoerótica ou relações sexuais do mesmo sexo.
  3. Que não havia nenhuma atividade ou atração homossexual entre o povo judeu desde que foram definidos, fora aqueles a quem Paulo falava em Romanos I.
  4. Que estavam lá para haver a idolatria no mundo, a idolatria foi a causa e a homossexualidade a consequência.
  5. Todos que são LGBT são assim porque Deus os fez homossexuais por causa do pecado de idolatria. A homossexualidade neste momento deixa de ser uma orientação sexual ou uma escolha.
  6. Todas as pessoas LGBT são sem fé e odeiam a Deus, incluindo aqueles que proclamam o Senhor Jesus como Salvador, sejam eles homossexuais praticantes ou que vivem como celibatários dentro da comunidade da igreja.
Para aqueles(as) de vocês que são pessoas LGBT e continuam a lutar com essa passagem, encorajo-os(as) a considerar esses quatro pontos explicitamente declarados em Romanos I e indague a si mesmo algumas perguntas para ver se Paulo se refere a você neste texto.
  1. Você quis praticar a idolatria antes de ter sua primeira consciência homossexual?
  2. Você se lembra do momento exato no tempo em que sua heterossexualidade (atração exclusiva pelo sexo oposto) foi substituída por sua homossexualidade (atração exclusiva pelo mesmo sexo)?.
  3. Você esta cheio(a) de ódio para com Deus? Manifesta o seguinte em sua vida: Injustiça, malícia, cobiça, maldade, inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade, fofocas, calúnia, é insolente, arrogante e ostentador? Você é um inventor do mal, desobediente aos pais, insensato, sem fé, sem coração e cruel?
  4. Você descreveria seu relacionamento com a pessoa que você ama como centrado unicamente em paixões descontroladas e na luxuria?
Para essa passagem falar de todas as pessoas LGBT e, mais especificamente de você, você tem que ser capaz de responder afirmativamente a todas as perguntas. Se responder não a qualquer uma ou a todas elas, então talvez seja hora de deixar essa passagem ir, como sendo ela que fica entre a conciliação de sua fé e sua sexualidade. Enquanto não houver uma palavra nitidamente negativa aqui sobre o homoerotismo não sendo exclusivamente um castigo de Deus para os idólatras no entendimento de Paulo, assim, tal passagem continuará sendo um armário vazio para aqueles de nós que hoje são pessoas LGBTI e continuam a adorar a Deus e somente a Ele.
Baseado na obra de Anita Cadonau-Huseby
Fonte: christiangays.com

segunda-feira, 8 de junho de 2015

BLASFÊMIA! RESPOSTA DA ICM TERESINA.


Essa foi a expressão que ouvi de um homem ao ver uma transexual pregada na cruz simbolizando o Cristo. Esse, como muitas outras pessoas agem como se fossem donos dos direitos autorais de Cristo, e o usam como uma arma para dominar os outros.
Literalistas cristão nos tem apontados como "blasfemos" e condenado nossa orientação sexual e identidade de gênero como: "abominação", "repugnante" e "um ultraje zombar de Cristo dessa maneira".
As visões de pessoas LGBT como Cristo se fazem importante agora, pois os conservadores usam a religião para justificar a discriminação contra nós. Sempre que alguém comete violência contra outra pessoa, Cristo é crucificado novamente - incluindo o ataque e assassinato à pessoas LGBT apenas por serem quem são.
Cada grupo vê Cristo em sua própria imagem a partir de seu próprio contexto, e agora a visão de Jesus Trans é moldada pelas forças políticas, econômicas e culturais de nosso tempo. Pessoas LGBT muitas vezes se identificam com a dor e a humilhação que Cristo experimentou na cruz.
Todo mundo se lembra da Paixão de Cristo, do seu sofrimento em seus últimos dias, de como Ele foi traído, preso e brutalmente morto. Muitos cristãos LGBT se voltam para o Cristo na cruz como uma inspiração.
A Parada de São Paulo mostrou uma figura contemporânea de um Cristo Trans que se levanta em frente a padres, pastores, políticos, juízes e policiais. Eles a olharam assustadoramente da mesma forma como às pessoas olharam para o Cristo histórico. Ele foi vaiado pelos fundamentalistas, torturado e morto em frente às câmaras de televisão.
O Cristo Trans destina-se a alargar, e não limitar, como Cristo é percebido. Cada imagem de Jesus é insuficiente. É importante ter imagens de um Cristo LGBT, juntamente com todos os outros para mostrar que Deus está com todos os seres humanos em sua completa diversidade.
Esse estranho Cristo é encontrado em membros da comunidade LGBT que foram martirizados por crimes de ódio, levados ao suicídio, mortos pela AIDS ou executados em países onde a homossexualidade é ainda um crime capital.
Como teólogo, vejo que essa figura Trans de Cristo está aqui para libertar e capacitar as pessoas que foram feridas em nome de Cristo. Aquelas que foram rejeitadas pela igreja por sua orientação sexual e identidade de gênero. Nessa figura de Cristo, as pessoas LGBT se sentem acolhidas e compreendidas. Quando as pessoas se abrem para essa possibilidade de um Cristo Trans, torna-se mais fácil de ver Deus dentro da comunidade LGBT.
Ninguém sabe ao certo com o que ou com quem o Jesus histórico se parece. O que os evangelhos realmente enfatizaram sobre Ele é seu caminho descontroladamente inclusivo. Ele viveu junto a párias, prostitutas, imigrantes, viúvas e pobres. Nós cristãos acreditamos que nEle Deus se fez carne, tendo uma total identificação com todas as pessoas, incluindo as sexualmente marginalizadas. Cristo é um de nós. Em seus sofrimentos, Ele é mostrado como alguém que experimenta e compreende totalmente o que é ser um estranho indesejável.
A Parada de São Paulo quebrou a ilusão mortal de que Jesus pertence exclusivamente a um tempo ou um grupo em particular. Muitos condenam o Cristo Trans como blasfêmia, mas nós, comunidade ICM Teresina, o vemos como uma bênção que edifica a fé e faz uma sociedade melhor.

sábado, 6 de junho de 2015

BOTICÁRIO: "AQUELES QUE NÃO CONSEGUEM APREENDER COM A HISTÓRIA, ESTÃO CONDENADOS A REPETÍ-LA."



EM RESPOSTA AO CARO PASTOR SILAS MALAFAIA QUE TANTO SE AGRADA EM OFENDER AS PESSOAS LGBT, PARTINDO DO MAIS RECENTE CASO DA CONCLAMAÇÃO DOS FIEIS A NÃO USAREM OS PRODUTOS DA BOTICÁRIO DEVIDO UM COMERCIAL QUE MOSTRA CASAIS HOMOAFETIVOS TROCANDO PRESENTES NO DIA DOS NAMORADOS, QUEREMOS LEMBRÁ-LO:

Muitas vezes é citado "Aqueles que não conseguem apreender com a história, estão condenados a repeti-la." A Igreja (e cristãos individuais) certamente não estão imunes a cometer erros - às vezes até os mais horríveis. No passado, já usamos  mal as Escrituras Sagradas para defender - e até mesmo promover - algumas crenças e ações indefensáveis.
Houve uma época em que a maioria dos cristãos acreditavam que a escravidão era da vontade de Deus. Houve uma época em que a maioria dos cristão acreditavam que mulheres não deviam ser autorizadas a votar. Houve uma época em que a maioria dos cristãos acreditava que o casamento inter-racial era errado. Cada posição foi elaborada com suporte e argumentos bíblicos e hoje, percebemos nitidamente que todas estavam erradas.
Agora entendemos que o preconceito cultural estava no trabalho - ele moldou a maneira de como os cristãos liam a Bíblia. É essencial, para aqueles de nós que procuram conhecer e seguir a vontade de Deus em tudo que fazemos, aprendermos sobre o erro de nossa história para não cometê-los novamente. Preciosas vidas estão em jogo, e não podemos simplesmente nos dar ao luxo de errar novamente.
Se soubermos como os erros do passado foram cometidos, teremos uma chance melhor de reconhecê-los e evitá-los novamente. Considere estes exemplos do passado:
Os cristãos que usavam a Bíblia para apoiar o sistema de escravidão (defensores da escravidão) usavam três apelos distintos: natureza, escritura e a ordem social. Argumentavam que a natureza dos povos africanos (muitas vezes vista como a "Maldição de Caim") relegava a escravidão. Esta opinião foi reforçada por uma leitura restrita de escolha de textos das escrituras. Também alegavam que a sociedade humana entraria em colapso se o status quo não fosse mantido:
"A desgraça de Caim foi marcada na forma e características de seus descendentes africanos. A mão do destino uniu sua cor e seu destino. O homem não pode separar o que Deus uniu." James Henry Hammond - Senador dos Estados Unidos.
"[A escravidão] foi estabelecida por decreto do Deus Todo-Poderoso... ela é sancionada na Bíblia em ambos os Testamentos, do Gênesis ao Apocalipse... ela tem existido em todas as idades, foi encontrada entre as pessoas da mais alta civilização, e, em países da mais alta proficiência nas artes." - Jefferson Davis - presidente dos Estados Confederados da América.
"O direito de escravos que prendemos está nitidamente estabelecido nas Escrituras Sagradas, tanto por preceito como por exemplo." - Rev. R. Furman Igreja Batista da Carolina do Sul.
"Não há um único verso na Bíblia que iniba a escravidão, mas muitos querem regulá-la. Não é, então podemos concluir, imoral." Rev. Alexander Campbell.
"A esperança da própria civilização paira sobre a derrota do sufrágio Negro." - Declaração de um proeminente pastor presbiteriano do sul no século 19, citado pelo Rev. Jack Rogers, moderador da Igreja Presbiteriana (EUA).
Talvez um dos mais tristes registros da época é este:
"Escravagistas [defensores] denunciaram que levaram abolicionistas [interpretes histórico-críticos da Bíblia] para distorcer o sentido nítido das Escrituras. Lamentou o clérigo escravista John Henry Hopkins, bispo episcopal de Vermont."
"Posso imaginar que a maior transgressão e mais odiosa aos olhos de Deus, certa de perder sua bênção, seja a determinação deliberada de distorcer a Sua palavra revelada, e pregá-la, não como ela realmente é, mas como homens em um orgulho insano de filantropia superior." Bispo Hopkins acreditava que um sentido equivocado de filantropia tinha substituído a Bíblia como padrão de verdade.
Em uma das passagens mais reveladoras da literatura escravista, Bispo Hopkins argumentou este ponto. Ele próprio foi abalado por um mal-estar moral sobre a legalidade da escravidão; no entanto, continuou convencido de que a hermenêutica de sentido plano foi a chave para a verdade divina. Ele rendera sua própria consciência a autoridade bíblica:
"Se fosse uma questão para ser determinada por pessoas simpáticas, boas ou sentimentais, eu estaria pronto, como qualquer homem, para condenar a instituição da escravidão, por todos os meus preceitos de educação, hábitos e posição social, ficaria completamente oposto a ela. Mas, como cristão, estou solenemente avisado a não ser 'sábio em minha própria vontade', e não 'me inclinar a meu próprio entendimento.' Como cristão, sou obrigado a submeter meu fraco e errante intelecto à autoridade do Todo-poderoso. Para em seguida, estar seguro de minhas conclusões, quando sei que, de acordo com a vontade Dele, diante do tribunal devo prestar contas rigorosas no último e grande dia."
"Dividido entre a humanidade racional consciente e a ortodoxia irracional literal, Bispo Hopkins sentiu-se compelido por uma hermenêutica de sentido claro para apoiar uma instituição que ele próprio intuía ser mal. Sua antipatia pessoal a escravatura entrou em conflito com o sentido claro da Bíblia e foi convencido que o gosto moral era relativo e portanto não confiável. O biblicismo do escravista era tão extremo que tinha em mente que prestar julgamento racional em debates sobre questões morais era uma forma de infidelidade religiosa."
Incrivelmente triste - Bispo Hopkins ignorou o estímulo do Espírito de Deus em sua alma e de outras escrituras positivas e poderosas contrárias a escravidão por acreditar que a Bíblia o obrigava a isso.

Os cristãos que usaram a Bíblia para negar o direito à voto das mulheres.
Usando as mesmas razões usadas por aqueles que defenderam a escravidão (natureza, escrituras e a ordem social) alguns cristãos resistiram a posição das mulheres na sociedade, principalmente lutando contra o direito das mulheres de votarem.
A natureza e as escrituras foram invocadas para mostrar que "o lugar da mulher" é dentro de casa e não envolvida como uma cidadã. Quanto ao desejo das mulheres de votar, o Conselho de Ministros Congregacionistas de Massachusetts disse:
"Os deveres e influências adequados para as mulheres estão demonstrados no Novo Testamento... O poder da mulher está na sua dependência que flui a partir de uma consciência de fraqueza que Deus lhes impôs para sua proteção... Quando ela assume o lugar e o tom dos homens como uma reformadora política... ela produz o poder que Deus não deu... e seu personagem se torna não natural."
Os opositores puseram em causa até o caráter daqueles que apoiavam a igualdade:
"Quem procura o escrutínio para a mulheres? Eles não amam a Deus, são uma classe descrente em Cristo. Podem haver exceções, mas a maioria prefere o elogio de um infiel ao favor de Deus e o amor da comunidade cristã. Por causa dessa tendência que a maioria daqueles que apoiam o voto para as mulheres cortam solto a legislação do Céu, dos prazeres do lar e derivam para a infelicidade e a ruína." - Justin Fulton, 1869, em oposição ao direito das mulheres ao voto.
Aqueles que lutaram contra o sufrágio das mulheres usaram na maioria das vezes alguns versículos de Paulo para defender seu discurso.

Os cristãos que usaram a Bíblia para condenar o casamento inter racial. 
Próximo mês, nos EUA, se comemora o 48º aniversário do Loving v. Virgínia, o caso dos direitos civis que marcou a derrubada das leis que proibiam o casamento inter-racial. Aqui está o que o juiz do Estado no caso, escreveu:
"O Deus Todo-Poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e as colocou em continentes separados. E, pela interferência de Seu arranjo não há motivos para tais casamentos. O fato dEle ter separado as raças mostra que não tinha a intenção de misturá-las." - Declaração do juiz de primeira instância do Estado da Virginia em 1959 caso que levou a Suprema Corte dos EUA derrubar a lei em 16 estados que proibiam o casamento inter-racial.
Incrivelmente este juiz estava invocando o mesmo entendimento preconceituoso de Deus, da natureza e da ordem social para tomar suas decisões. E já era quase uma centena de anos após as lições da escravidão!

Conclusão.
Partes da Bíblia, quando aplicadas isoladamente, sem o contexto de toda a Escritura, têm sido usadas para justificar a escravidão, a segregação, racismo e a subjugação das mulheres. Assim, a pergunta que apresentamos é: esse mesmo erro esta sendo cometido hoje, quando os mesmos argumentos (natureza, escrituras isoladas e a ordem social) são usados para condenar as ralações LGBT?
Todos esses argumentos históricos sobre raça e gênero soam assustadoramente familiar aos cristãos/cristãs LGBT. Fomos informados(as) que somos contrários(as) a natureza, condenados(as) nas Escrituras, e que qualquer reconhecimento de nossos direitos ou relacionamentos trará a ruína de toda a ordem social.
Como o resto deste blog deixa nítido, existem maneiras de ler a Bíblia - espiritualmente, intelectualmente e tonalidades - Afirmando que você pode segurar uma interpretação anti-LGBT, mas a escolha é sua. As Escrituras não obrigam.
A Bíblia tem sido usada por seres humanos caídos em uma fronteira tanto para opressão quanto para libertação. Deus, no entanto, promete ser do lado dos oprimidos e dos libertadores.

Fonte: www.wouldjesusdiscriminate.org/