sábado, 6 de junho de 2015

BOTICÁRIO: "AQUELES QUE NÃO CONSEGUEM APREENDER COM A HISTÓRIA, ESTÃO CONDENADOS A REPETÍ-LA."



EM RESPOSTA AO CARO PASTOR SILAS MALAFAIA QUE TANTO SE AGRADA EM OFENDER AS PESSOAS LGBT, PARTINDO DO MAIS RECENTE CASO DA CONCLAMAÇÃO DOS FIEIS A NÃO USAREM OS PRODUTOS DA BOTICÁRIO DEVIDO UM COMERCIAL QUE MOSTRA CASAIS HOMOAFETIVOS TROCANDO PRESENTES NO DIA DOS NAMORADOS, QUEREMOS LEMBRÁ-LO:

Muitas vezes é citado "Aqueles que não conseguem apreender com a história, estão condenados a repeti-la." A Igreja (e cristãos individuais) certamente não estão imunes a cometer erros - às vezes até os mais horríveis. No passado, já usamos  mal as Escrituras Sagradas para defender - e até mesmo promover - algumas crenças e ações indefensáveis.
Houve uma época em que a maioria dos cristãos acreditavam que a escravidão era da vontade de Deus. Houve uma época em que a maioria dos cristão acreditavam que mulheres não deviam ser autorizadas a votar. Houve uma época em que a maioria dos cristãos acreditava que o casamento inter-racial era errado. Cada posição foi elaborada com suporte e argumentos bíblicos e hoje, percebemos nitidamente que todas estavam erradas.
Agora entendemos que o preconceito cultural estava no trabalho - ele moldou a maneira de como os cristãos liam a Bíblia. É essencial, para aqueles de nós que procuram conhecer e seguir a vontade de Deus em tudo que fazemos, aprendermos sobre o erro de nossa história para não cometê-los novamente. Preciosas vidas estão em jogo, e não podemos simplesmente nos dar ao luxo de errar novamente.
Se soubermos como os erros do passado foram cometidos, teremos uma chance melhor de reconhecê-los e evitá-los novamente. Considere estes exemplos do passado:
Os cristãos que usavam a Bíblia para apoiar o sistema de escravidão (defensores da escravidão) usavam três apelos distintos: natureza, escritura e a ordem social. Argumentavam que a natureza dos povos africanos (muitas vezes vista como a "Maldição de Caim") relegava a escravidão. Esta opinião foi reforçada por uma leitura restrita de escolha de textos das escrituras. Também alegavam que a sociedade humana entraria em colapso se o status quo não fosse mantido:
"A desgraça de Caim foi marcada na forma e características de seus descendentes africanos. A mão do destino uniu sua cor e seu destino. O homem não pode separar o que Deus uniu." James Henry Hammond - Senador dos Estados Unidos.
"[A escravidão] foi estabelecida por decreto do Deus Todo-Poderoso... ela é sancionada na Bíblia em ambos os Testamentos, do Gênesis ao Apocalipse... ela tem existido em todas as idades, foi encontrada entre as pessoas da mais alta civilização, e, em países da mais alta proficiência nas artes." - Jefferson Davis - presidente dos Estados Confederados da América.
"O direito de escravos que prendemos está nitidamente estabelecido nas Escrituras Sagradas, tanto por preceito como por exemplo." - Rev. R. Furman Igreja Batista da Carolina do Sul.
"Não há um único verso na Bíblia que iniba a escravidão, mas muitos querem regulá-la. Não é, então podemos concluir, imoral." Rev. Alexander Campbell.
"A esperança da própria civilização paira sobre a derrota do sufrágio Negro." - Declaração de um proeminente pastor presbiteriano do sul no século 19, citado pelo Rev. Jack Rogers, moderador da Igreja Presbiteriana (EUA).
Talvez um dos mais tristes registros da época é este:
"Escravagistas [defensores] denunciaram que levaram abolicionistas [interpretes histórico-críticos da Bíblia] para distorcer o sentido nítido das Escrituras. Lamentou o clérigo escravista John Henry Hopkins, bispo episcopal de Vermont."
"Posso imaginar que a maior transgressão e mais odiosa aos olhos de Deus, certa de perder sua bênção, seja a determinação deliberada de distorcer a Sua palavra revelada, e pregá-la, não como ela realmente é, mas como homens em um orgulho insano de filantropia superior." Bispo Hopkins acreditava que um sentido equivocado de filantropia tinha substituído a Bíblia como padrão de verdade.
Em uma das passagens mais reveladoras da literatura escravista, Bispo Hopkins argumentou este ponto. Ele próprio foi abalado por um mal-estar moral sobre a legalidade da escravidão; no entanto, continuou convencido de que a hermenêutica de sentido plano foi a chave para a verdade divina. Ele rendera sua própria consciência a autoridade bíblica:
"Se fosse uma questão para ser determinada por pessoas simpáticas, boas ou sentimentais, eu estaria pronto, como qualquer homem, para condenar a instituição da escravidão, por todos os meus preceitos de educação, hábitos e posição social, ficaria completamente oposto a ela. Mas, como cristão, estou solenemente avisado a não ser 'sábio em minha própria vontade', e não 'me inclinar a meu próprio entendimento.' Como cristão, sou obrigado a submeter meu fraco e errante intelecto à autoridade do Todo-poderoso. Para em seguida, estar seguro de minhas conclusões, quando sei que, de acordo com a vontade Dele, diante do tribunal devo prestar contas rigorosas no último e grande dia."
"Dividido entre a humanidade racional consciente e a ortodoxia irracional literal, Bispo Hopkins sentiu-se compelido por uma hermenêutica de sentido claro para apoiar uma instituição que ele próprio intuía ser mal. Sua antipatia pessoal a escravatura entrou em conflito com o sentido claro da Bíblia e foi convencido que o gosto moral era relativo e portanto não confiável. O biblicismo do escravista era tão extremo que tinha em mente que prestar julgamento racional em debates sobre questões morais era uma forma de infidelidade religiosa."
Incrivelmente triste - Bispo Hopkins ignorou o estímulo do Espírito de Deus em sua alma e de outras escrituras positivas e poderosas contrárias a escravidão por acreditar que a Bíblia o obrigava a isso.

Os cristãos que usaram a Bíblia para negar o direito à voto das mulheres.
Usando as mesmas razões usadas por aqueles que defenderam a escravidão (natureza, escrituras e a ordem social) alguns cristãos resistiram a posição das mulheres na sociedade, principalmente lutando contra o direito das mulheres de votarem.
A natureza e as escrituras foram invocadas para mostrar que "o lugar da mulher" é dentro de casa e não envolvida como uma cidadã. Quanto ao desejo das mulheres de votar, o Conselho de Ministros Congregacionistas de Massachusetts disse:
"Os deveres e influências adequados para as mulheres estão demonstrados no Novo Testamento... O poder da mulher está na sua dependência que flui a partir de uma consciência de fraqueza que Deus lhes impôs para sua proteção... Quando ela assume o lugar e o tom dos homens como uma reformadora política... ela produz o poder que Deus não deu... e seu personagem se torna não natural."
Os opositores puseram em causa até o caráter daqueles que apoiavam a igualdade:
"Quem procura o escrutínio para a mulheres? Eles não amam a Deus, são uma classe descrente em Cristo. Podem haver exceções, mas a maioria prefere o elogio de um infiel ao favor de Deus e o amor da comunidade cristã. Por causa dessa tendência que a maioria daqueles que apoiam o voto para as mulheres cortam solto a legislação do Céu, dos prazeres do lar e derivam para a infelicidade e a ruína." - Justin Fulton, 1869, em oposição ao direito das mulheres ao voto.
Aqueles que lutaram contra o sufrágio das mulheres usaram na maioria das vezes alguns versículos de Paulo para defender seu discurso.

Os cristãos que usaram a Bíblia para condenar o casamento inter racial. 
Próximo mês, nos EUA, se comemora o 48º aniversário do Loving v. Virgínia, o caso dos direitos civis que marcou a derrubada das leis que proibiam o casamento inter-racial. Aqui está o que o juiz do Estado no caso, escreveu:
"O Deus Todo-Poderoso criou as raças branca, negra, amarela, malaia e vermelha e as colocou em continentes separados. E, pela interferência de Seu arranjo não há motivos para tais casamentos. O fato dEle ter separado as raças mostra que não tinha a intenção de misturá-las." - Declaração do juiz de primeira instância do Estado da Virginia em 1959 caso que levou a Suprema Corte dos EUA derrubar a lei em 16 estados que proibiam o casamento inter-racial.
Incrivelmente este juiz estava invocando o mesmo entendimento preconceituoso de Deus, da natureza e da ordem social para tomar suas decisões. E já era quase uma centena de anos após as lições da escravidão!

Conclusão.
Partes da Bíblia, quando aplicadas isoladamente, sem o contexto de toda a Escritura, têm sido usadas para justificar a escravidão, a segregação, racismo e a subjugação das mulheres. Assim, a pergunta que apresentamos é: esse mesmo erro esta sendo cometido hoje, quando os mesmos argumentos (natureza, escrituras isoladas e a ordem social) são usados para condenar as ralações LGBT?
Todos esses argumentos históricos sobre raça e gênero soam assustadoramente familiar aos cristãos/cristãs LGBT. Fomos informados(as) que somos contrários(as) a natureza, condenados(as) nas Escrituras, e que qualquer reconhecimento de nossos direitos ou relacionamentos trará a ruína de toda a ordem social.
Como o resto deste blog deixa nítido, existem maneiras de ler a Bíblia - espiritualmente, intelectualmente e tonalidades - Afirmando que você pode segurar uma interpretação anti-LGBT, mas a escolha é sua. As Escrituras não obrigam.
A Bíblia tem sido usada por seres humanos caídos em uma fronteira tanto para opressão quanto para libertação. Deus, no entanto, promete ser do lado dos oprimidos e dos libertadores.

Fonte: www.wouldjesusdiscriminate.org/

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