quinta-feira, 25 de agosto de 2016

POR QUE CRISTÃOS/CRISTÃS FUNDAMENTALISTAS TERIAM ODIADO JESUS?

Mesmo que professem espalhar sua palavra, os fundamentalistas esquecem a mais importante mensagem de Jesus.

Jesus nunca poderia ter sido um pastor de uma igreja evangélica fundamentalista contemporânea, nem um conservador bispo católico romano. Fundamentalistas evangélicos ou católicos prosperam distinguindo sua "verdade" das falhas de outras pessoas. Jesus, ao contrário, mostrava diferença explodindo bombas de empatia.

Essa bomba explode cada vez que um evangélico fundamentalista mostra que ama à frente do que a "Bíblia diz". Ela explode cada vez que o Papa Francisco coloca a inclusão à frente do dogma. Explode cada vez que um casal LGBT é recebido em uma igreja. Explode sempre que um/uma ateu/ateia segue Jesus melhor que a maioria dos/das cristãos/cristãs.

Colocarei desta forma: Hoje, políticos fundamentalistas e conservadores cortam programas destinados a ajudar as populações mais vulneráveis, criando um mito de estarem protegendo a família tradicional.

Hoje, muitos evangélicos estão do lado dos fariseus, atacando os pobres "menor destes", em nome de dizer está seguindo a Bíblia.

Então, quem está seguindo Jesus?

Confrontados com o culto à Bíblia, chamado de evangelicalismo, temos uma escolha: seguir Jesus ou seguir o culto ao livro. Se Jesus é Deus, como evangélicos e católicos afirmam que é, então, a escolha é nítida. Temos de ler o livro, incluindo o Novo Testamento, como Ele fez. Mas, Ele parece não ter gostado muito da "Bíblia" de seus dias.

Confrontando bispos que protegem os dogmas e tradições, o Papa Francisco parece escolher abraçar a empatia pelo "outro", nós temos a escolha: Seguir Jesus ou proteger a instituição.

Toda vez que Jesus mencionou o equivalente a uma tradição da Bíblia, a Torá, qualificou-a como: "As escrituras dizem assim e assim, mas eu digo..." Jesus minou as escrituras e a tradição religiosa em favor da empatia. Toda vez que minava as escrituras ("tradições religiosa" judias), foi para se posicionar ao lado do amor, co-sofrimento. Cada vez que um evangélico se torna um ateu em favor da empatia, ele se aproxima de Jesus. Cada vez que conservadores católicos tentam impedir o Papa de proporcionar mudanças na igreja, estão do lado daqueles que mataram Jesus.

Um leproso veio a Jesus e disse: "Senhor, se quiseres, pode limpar-me". Se Jesus tivesse sido um bom religioso judeu, tinha dito: "Seja curado", e, se afastado. Em vez disso, Ele estendeu a mão e tocou o leproso, dizendo: "Eu quero. Torna-te limpo", mesmo sabendo que quebrava específicas leis de Levíticos. O capítulo treze nos ensina que quem tocar em uma pessoa com lepra está contaminado. Em termos fundamentalistas católicos ou evangélicos, Jesus era um humanista que quebrava regras, e, que, portanto, não foi "salvo". Um fundamentalista se recusaria dar o sacramento a Jesus. Com certeza muitos fundamentalistas pediriam seu afastamento, chamando-o de traidor da causa do cristianismo.

A mensagem da vida de Jesus é uma intervenção e uma evolução do amor. Considere a história do livro de Mateus: Uma mulher que tinha uma hemorragia há 12 anos, vem por trás de Jesus e toca a borda de seu manto. Ela diz a si mesma: "Se eu tão somente tocar seu manto, ficarei curada". Jesus volta-se e a vê. "Coragem filha", disse Ele, "a tua fé te salvou". E a mulher foi curada naquele momento.

Jesus reconheceu como sinal de fé, uma mulher lhe tocar com hemorragia. Elogiando-a, em vez de repreendê-la. Ele ignorou as regras de sua Escritura: "Se uma mulher tiver fluxos de sangue por muitos dias fora do tempo de sua separação (período menstrual), ou se ela tem uma descarga por mais tempo de sua separação, todos os dias depois de seu fluxo permanecerá imunda... Toda cama que ela se deitar durante todos os dias do seu fluxo, deve ser tratada como imunda... e toda coisa, sobre que se assentar, será imunda... E qualquer que a tocar, será imundo". (Levítico 15:25-27).

No primeiro século Jesus foi além de acolher leprosos e tocar em uma mulher com fluxo sanguíneo. Abraçou uma mulher de uma tribo e cultura rival, isso, era dificultoso tanto para o povo que Jesus pertencia quanto para o povo que a mulher pertencia. Sua atitude para com o/a "outro/outra" era tão incompreensível, que seus seguidores ficavam maravilhados. Mesmo a mulher samaritana do poço, sabia que sua ação era chocante. Quando Jesus parou para conversar com ela, ela disse: "Você é judeu e eu sou uma mulher samaritana. Como pode me pedir água? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos)" (João 4:9). Jesus respondeu atacando a preeminência da religião, tradição, dogma e identidade de grupo, oferecendo uma maneira inteiramente nova de olhar para espiritualidade, enfatizando a dignidade humana básica, acima da nação, estado, gênero ou religião:
"Mulher", respondeu Jesus: "crê-me que a hora vem, que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorareis o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adoraram ao Pai em espírito e verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:19-24).
"A adoração em espírito e verdade", não se trata de um livro, e muito menos de uma "salvação" através de ideias ou tradições corretas. Você acha que as pessoas que chamam Jesus de "Filho de Deus", também rejeitam a veneração do livro a que estão presos ou aos dogmas da igreja que crucificam novamente Jesus a cada vez que uma pessoa LGBT ou um casal divorciado são recusados nos sacramentos? Evangélicos fundamentalistas lutam para conformar Jesus a um livro, e não o contrário. Os bispos conservadores se alinham com a ala neoconservadora de sua igreja, não só contra o Papa Francisco, mas, contra a lógica emancipatória da bomba de empatia de Jesus.

Se Jesus não é o que está na "lente" dos fundamentalistas evangélicos ou católicos romanos que leem a Bíblia e seguem suas tradições, podemos afirmar que eles realmente acreditam que Jesus é o Filho de Deus?

Este artigo é completamente extraído do Livro: "Why I am an Atheist Who Believes in God: How to give love, create beauty and find peace" de Frank Schaeffer.

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